Itália resgatou quase 20 mil imigrantes ilegais do mar em cinco meses

Na noite de quinta para sexta-feira foram resgatadas mais 900 pessoas. Governo insiste com a União Europeia para ajudar nas operações.

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A MAre Nostrum foi lançada após a morte de 400 imigrantes que queriam chegar a Lampedusa AFP

A Itália resgatou 18.546 imigrantes do mar entre 18 de Outubro de 2013 e 10 de Abril deste ano, anunciou o almirante Giuseppe De Giorgi na conferência de imprensa de balanço da operação Mare Nostrum, “Só esta semana, e num dia, conseguimos mais seis barcos”.

O chefe de Estado Maior da Marinha Italiana, responsável pela operação de segurança, elogiou na quinta- feira  o esforço feito na Mare Nostrum, lançada após duas tragédias em alto mar - 400 imigrantes africanos, sírios e palestinos morreram em dois naufrágios quando tentavam chegar às ilhas de Lampedusa e Malta.

O almirante revelou que a operação custou “cerca de nove milhões de euros por mês e foi financiado, na totalidade, pelo orçamento da Defesa”, que desviu verbas d eoutras actividades. “Cortei em manobras de treino militar”, disse De Giorgi.

Em média, participaram diariamente na Mare Nostrum (nome dado ao Mediterrâneo pelos romanos) cinco navios militares, com helicópteros, e mais de 900 soldados e especialistas.

O almirante refutou a ideia, propagada pelos partidos da direita italiana, que esta operação incentivava a imigração ilegal. “Não há mais imigrantes, há simplesmente menos de mortes” disse o  responsável da Marinha, apontando para um documento que indica que o número de imigrantes que chegaram a Itália aumentou a partir de Maio 2013 e não em Outubro.

O aumento de 224% no número de ilegais, entre 2012 e 2013, deve-se sobretudo a fenómenos sociais, como a situação geopolítica na Síria, mas desde o lançamento da operação “não houve um único naufrágio” disse o almirante.

Durante a operação, dois “navios-mãe”(navio maiores que levam os imigrantes que são depois colocados em embarcações mais pequenas) usados por traficantes para levarem ilegais para a costa italiana, foram aprendidos e 66 traficantes de pessoas foram presos.

A apreensão de um desses “navios-mãe” ocorreu após uma perseguição que durou varais horas e a Marinha italiana teve que  fazer “disparos de advertência com armas de calibre elevado”. “Desde então, os tráfego a partir do Egipto com ‘navios- mãe’ praticamente cessou. Socorremos agora principalmente barcos vindos da Líbia”, acrescentou o almirante.

Num dos navios apreendidos estavam a bordo mais “contrabandistas” do que é norma. Isto porque os  traficantes estão a treinar os mais aptos dos imigrantes, ensinando-lhes a manobrar as embarcações e os telefones de satélite. “Quando as embarcações começam a meter água – explicou o almirante – estes traficantes com pouca experiência pedem ajuda, anets de atirarem os telefones ao mar”.

O  ministro do interior italiano, Angelino Alfano, lançou um novo pedido de ajuda à União Europeia, afirmando que “a situação é de emergência”, após o resgate de 4000 imigrantes em 48 horas.

Na noite de quinta para sexta-feira, mais 900 pessoas provenientes do Norte de África foram resgatadas  pela Marinha e pela guarda-costeira italianas (as duas forças na operação Mare Nostrum) ao largo da Sicília. 

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