Israel vai expandir colonatos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental

Medida anunciada a três dias do reinício das negociações de paz. Palestinianos dizem que pode levar à "destruição de qualquer hipótese de paz".

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A ONU considera ilegal a construção de colonatos ABBAS MOMANI/AFP

O Governo de Israel anunciou a construção de quase 1200 novas habitações em colonatos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, meses depois de o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter afirmado que estas decisões de Telavive "não contribuem para a paz" na região.

"Nenhum país do mundo aceita ordens de outros países sobre onde pode ou não pode construir. Vamos continuar a promover o mercado imobiliário e a construir em todo o país", declarou neste domingo o ministro israelita da Construção, Uri Ariel.

O anúncio da construção de mais habitações para colonos judeus – que surge a três dias do reinício das negociações de paz com os palestinianos, depois de uma interrupção em Setembro de 2010, precisamente por causa da disputa sobre a construção de colonatos – já foi criticado por Hanan Ashrawi, do Comité Executivo da Organização para a Libertação da Palestina.

"Israel está deliberadamente a enviar uma mensagem aos Estados Unidos e ao resto do mundo, dizendo que vai continuar a roubar mais território, a construir mais colonatos e a destruir a solução de dois Estados, independentemente de qualquer tentativa para se iniciar negociações", disse à BBC Hanan Ashrawi, que foi porta-voz da delegação palestiniana para o processo de paz no Médio Oriente no início da década de 1990.

"É uma política extremamente perigosa. Se não for controlada, vai levar de certeza a mais conflitos e à destruição de qualquer hipótese de paz", concluiu.

Ao mesmo tempo que anuncia a construção de 793 apartamentos em Jerusalém Oriental e 394 em vários colonatos na Cisjordânia, o Governo de Israel vai libertar mais de 100 prisioneiros palestinianos nos próximos dias. Esta medida foi uma das imposições da delegação palestiniana para voltar à mesa de negociações.

A construção de colonatos judaicos nos territórios ocupados da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Montes Golã (Síria) não tem valor legal, de acordo com a Resolução 446 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, adoptada em 1979. Este documento foi aprovado com os votos favoráveis de 12 países (entre os quais Portugal) e três abstenções (Estados Unidos, Reino Unido e Noruega).

Em Março passado, durante a sua primeira visita a Israel e à Palestina, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a construção de novos colonatos pelo Governo israelita "não contribui para a paz". Na mesma declaração, proferida ao lado do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, Obama disse também que isso "não significa que os colonatos não sejam importantes". "O assunto fundamental neste momento é saber de que forma o povo palestiniano pode obter soberania e de que forma o povo israelita pode obter segurança"

Desde a ocupação da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, em 1967, o Governo israelita já construiu mais de 100 colonatos, habitados por meio milhão de pessoas. Estes dois territórios e a Faixa de Gaza fazem parte do mapa definido pelas autoridades palestinianas para um futuro Estado.

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