Israel tentou obter uma vitória com assassínio de comandante do Hamas

Bombas israelitas matam mulher e filha de comandante da ala militar do movimento islâmico, numa tentativa de assassínio que provavelmente terá falhado. Ainda não é claro como prosseguirá esta escalada

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As forças de Israel lançaram uma operação para assassinar o líder do braço armado do Hamas, Mohamed Deif, mas a única certeza é que no ataque morreram a sua mulher, Widad, de 27 anos, e o filho de ambos, Ali, um bebé de sete meses.

A trégua entre Israel e o movimento radical Hamas terminou com ambos os lados a culparem o outro pelo recomeço das hostilidades, vários mortos em Gaza, incluindo crianças, e uma chuva de rockets em direcção em Israel.

A casa de Deif foi atingida por cinco bombas capazes de destruir um bunker, guiadas por laser, de fabrico norte-americano. O Hamas demorou a dar qualquer informação sobre o que teria acontecido, acabando por afirmar que Deif estava “vivo e no comando”.

Dos escombros pulverizados que restaram da habitação de três andares, em Gaza, foram recuperados os corpos da mulher e do filho de Deif – um dos homens mais procurados por Israel, que o acusa da morte de dezenas de civis israelitas em atentados desde o início da década passada, e que já escapou a pelo menos cinco tentativas de assassínio.

Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que Mohamed Deif “não estava sequer no local que bombardearam”, e prometeu vingança pela tentativa de assassínio do líder militar e pelas mortes da sua mulher e do seu filho: “A ocupação vai pagar pelos seus crimes contra civis palestinianos, e os que vivem perto da fronteira com Gaza não voltarão a casa até que Mohamed Deif assim decida”, disse o porta-voz ao canal Al-Aqsa, do Hamas.

O jornal israelita Jerusalem Post, que citou fontes médicas palestinianas não identificadas, avançou que um terceiro corpo foi retirado dos escombros, mas não há qualquer indicação de que essa vítima seja Mohamed Deif.

Esta foi a sexta vez que Israel tentou assassinar Deif, 50 anos, que sucedeu a Ahmed Jabari, morto num ataque aéreo em Gaza em 2012. O comandante do Hamas sobreviveu sempre, embora com ferimentos graves. É ainda o “número um” na lista de alvos preferenciais do Estado judaico.

A mais recente tentativa, e o seu falhanço, deverão contribuir para a mítica de Deif em Gaza. O jornal egípcio Al-Ahram nota que quase ninguém no território o conhecerá – como quase ninguém conhecia o seu antecessor Jabari. Mesmo membros do Hamas. Algumas fontes dizem que Deif sofreu ferimentos na coluna após um dos ataques de Israel, outras que perdeu as pernas, outras que perdeu também os braços para além de um olho noutro ataque.

Em Israel, a teoria para o que aconteceu na madrugada de quarta-feira era de que o Estado hebraico se aproveitou dos disparos de rockets vindos da Faixa de Gaza feitos por grupos que não o Hamas. Já o Hamas acusa Israel de ter simulado ataques contra o seu território para ganhar a rara oportunidade de atacar Deif.

Para o jornal Ha’aretz, uma pergunta sem resposta é se o assassínio de líderes do Hamas pode mudar alguma coisa, sublinhando uma longa lista de responsáveis militares mortos que não mudou nada no terreno. Por outro lado, uma tentativa falhada poderá ter o efeito exactamente oposto – aumentar a determinação do movimento palestiniano.

Desde o fim de mais um cessar-fogo entre israelitas e palestinianos, nas últimas horas de terça-feira, já morreram pelo menos 21 palestinianos, entre os quais seis crianças.

Após o ataque israelita, o ritmo de rockets aumentou, e de manhã, os palestinianos dispararam mais de 45 rockets em duas horas – uma média de mais de um rocket a cada dois minutos. No total, foram disparados mais de 140 rockets até meio da tarde. O Hamas avisou ainda que iria voltar a atacar o aeroporto de Telavive, aconselhando as companhias aéreas estrangeiras a cancelar os voos a partir de quinta-feira. Algumas tinham chegado a fazer isso mesmo a dada altura da guerra, quando um rocket caiu numa casa não muito longe do aeroporto.
 

No interior dos túneis do Hamas

O movimento radical palestiniano Hamas autorizou a entrada de um jornalista da agência Reuters num dos túneis subterrâneos da Faixa de Gaza, numa rara operação mediática que teve como objectivo mostrar que os ataques de Israel não destruíram a sua capacidade militar.

Nidal al-Mughrabi, correspondente da Reuters na Faixa de Gaza, foi levado de olhos vendados para um local secreto, sem ter ideia de que se se tratava de um dos túneis construídos perto da fronteira de Israel, ou dos que foram escavados no centro do território e que têm escapado à operação militar israelita.

“Estamos a falar-vos hoje do interior de um dos túneis que Israel diz ter destruído. Os nossos homens continuam a operar nestes túneis, preparados para todas as eventualidades”, disse um dos combatentes do braço armado do Hamas.

Algumas secções do túnel não tinham mais do que um metro de largura, segundo o repórter da agência Reuters – um ambiente a que os combatentes das Brigadas Ezzedine al-Qassam estão habituados. “É como se estivéssemos em casa. Os combatentes escavam estes túneis com as suas próprias mãos, por isso vivem aqui com conforto e segurança, tal como se estivessem nas suas casas”, disse o líder do grupo.

Quanto ao objectivo do braço armado do Hamas, ele foi resumido numa frase pelo líder do grupo que serviu de anfitrião ao jornalista: “Quando há paz, preparamo-nos; em tempo de guerra, usamos o que fomos preparando.”

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