Israel liberta 26 presos palestinianos

Medida está inserida no novo processo de paz iniciado em Julho e foi contestada por membros do Governo israelita.

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Palestinianos libertados foram recebidos por milhares de pessoas em Ramallah Abbas Momani/AFP

Israel libertou 26 prisioneiros palestinianos na terça-feira à noite, numa acção enquadrada na retoma das conversações de paz. Os presos libertados estavam, na sua maioria, condenados a penas perpétuas pela morte de israelitas. Esta foi a segunda vaga de libertações desde que as negociações foram retomadas.

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, recebeu em Ramallah 21 libertados. “Damos as boas-vindas aos nossos irmãos, os heróis vindos de atrás das barras para um mundo de liberdade”, anunciou Abbas, citado pelo El País. “Não haverá paz sem a libertação de todos os prisioneiros”, acrescentou.

Existem cerca de 5000 presos palestinianos nas prisões israelitas actualmente, segundo a organização de direitos humanos Addameer. A grande maioria dos palestinianos agora libertados foi presa ainda antes dos acordos de paz de Oslo, em 1993.

Um dos exemplos é o de Abu Duheileh, preso em 1992 e condenado a prisão perpétua por ter morto o seu patrão, Avi Osher, num colonato na Cisjordânia. “Pensávamos que a sua vida tinha acabado”, dizia o seu irmão Harbi Abu Duheileh ao New York Times, enquanto esperava a chegada de Abu. “Agora ele está de volta à vida”, afirmou.

Condenado pela morte de dois viajantes em 1984, Issa Abed Rabbo foi carregado em ombros pelas ruas de Belém, enquanto fogos-de-artifício eram lançados e a multidão entoava cânticos patrióticos, segundo a Reuters. “Sinto-me como um comandante que regressa de uma batalha”, contou Abed Rabbo, enquanto formava um V de vitória com os dedos. Os familiares do preso libertado explicaram ao New York Times que os dois israelitas que Abed matou eram soldados e que ele estaria a vingar a morte de um primo de 12 anos morto pelo exército.

Em Israel, as vagas de libertações de palestinianos foi vista com alguma apreensão e críticas, especialmente das facções ortodoxas posicionadas mais à direita. “A libertação de terroristas em troca do duvidoso direito de Tzipi Livni [negociadora israelita] se encontrar com [o homólogo palestiniano, Saeb] Erekat é muito grave”, afirmou Habayit Hayehudi, um membro do Governo, citado pelo jornal Haaretz.

Para acalmar o descontentamento dentro do próprio partido do Governo, o Likud (centro-direita), o ministro do Interior anunciou um plano para construir 1500 novas casas no colunato de Ramat Shlomo, na Cisjordânia. A Autoridade Palestiniana já condenou a decisão, alertando que “esta política é destrutiva para o processo de paz”.

À porta da prisão de Ofer, de onde saíram os palestinianos libertados, dezenas de israelitas protestaram, mostrando fotografias de pessoas mortas pelos amnistiados. “As vítimas do terror estão às voltas nos caixões”, podia ler-se num cartaz.

Um primeiro grupo de prisioneiros foi libertado em Agosto. A retoma do processo de paz implica que sejam libertados 104 prisioneiros palestinianos até ao final do ano.

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