Israel deverá ser o primeiro a reconhecer a Palestina

Israel tornar-se-á um país normal apenas quando o Estado da Palestina for criado.

Na primeira semana deste mês, Netanyahu pediu para pôr fim ao seu governo, três anos antes do seu fim oficial. As eleições antecipadas tornaram-se uma prática comum para o primeiro-ministro Netanyahu nos seus três mandatos, continuando assim a roubar a paz na Terra Santa.

A última sondagem realizada mostrou que dois terços dos israelitas não querem Netanyahu. No entanto, ainda de acordo com a mesma, o mais provável é que seja ele o próximo primeiro-ministro. Isto mostra que a sociedade israelita sofre de uma crise de liderança. Tudo devido a uma lavagem cerebral à qual esta sociedade israelita foi exposta através da propaganda de direita que quer ameaçar o processo de paz que dura desde 1993. Em 1995, esta propaganda custou a vida ao ex-primeiro-ministro Rabin, pelas mãos de um judeu extremista.

Desde os Acordos de Oslo, Israel provocou duas guerras contra o Líbano, duas contra a Cisjordânia e quatro contra Gaza. A palavra-código para estas guerras foi a alegada segurança. Mas, na verdade, todas estas guerras foram motivadas pelas eleições, beneficiando da obsessão israelita com a segurança. Shimon Peres, apesar de visionário, nunca tinha ganho nenhumas eleições. Enquanto Sharon, que foi demitido do seu cargo ministerial devido aos seus crimes de guerra em 1982, foi eleito, mais tarde, tornando-se o primeiro-ministro mais popular em Israel, porque se distinguiu em tempos de guerra mais do que em tempos de paz.

Em 1988, os palestinianos fizeram uma concessão sem precedentes, quando reconheceram o direito de Israel de existir em 78% da sua terra histórica. Em 2002, todos os países árabes e muçulmanos aprovaram uma iniciativa, que apela à normalização de relações com Israel em troca da terra que este tomou pela força em 1967. 

Em resposta a todos estes gestos de boa vontade, Israel decidiu continuar com a ocupação militar do Estado da Palestina (Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza). Israel, assim como todo o mundo, sabe que esta ocupação contradiz a Carta das Nações Unidas. O desafio de Israel à legitimidade internacional, juntamente com a criação de novos factos para judaizar Jerusalém – o terceiro lugar mais sagrado para todos os muçulmanos – e para limpar etnicamente os seus residentes palestinianos indígenas, está a tornar-se uma receita para o ódio, a raiva e o radicalismo (AL Qaeda e ISIS) na região e além da mesma.

Este facto foi recentemente reconhecido pelo secretário de Estado norte-americano John Kerry. Disse que um acordo de paz entre Israel e os palestinianos ajudaria a campanha para derrotar os jihadistas da ISIS. Em 2010 o ex-presidente dos EUA Bill Clinton também reconheceu o mesmo.

Em Novembro de 2012, a ONU votou favoravelmente para a actualização do estatuto da Palestina para o de Estado não-membro. Esta votação é, sem dúvida, uma vitória para a ONU e para a sua carta, mas mais importante é uma vitória para as crianças da Terra Santa: judeus, cristãos e muçulmanos. Judicialmente, Israel deverá ser o primeiro Estado a reconhecer o Estado da Palestina porque a aceitação de Israel como Estado membro na ONU em 1949 foi condicionado pela criação do Estado da Palestina.

Israel é o único país que não tem fronteiras ou capital reconhecidos internacionalmente. Assim tornar-se-á um país normal apenas quando o Estado da Palestina for criado. O pleno reconhecimento do Estado da Palestina é uma obrigação para todos aqueles que acreditam na solução de dois estados.

Na sua última visita a Israel, o Presidente Obama disse a Netanyahu que a segurança de Israel é alcançável apenas através da paz. Neste contexto, espera-se que a UE, a verdadeira guardiã dos valores humanos, tome gestos corajosos e responsáveis, como o tomado pela Suécia.

O pleno reconhecimento do Estado da Palestina é a única ferramenta eficaz para forçar Israel a pôr fim aos ilegais 47 anos de ocupação militar e realizar a solução de dois estados.

Porque vinte anos de negociações em vão e de falta de acção por parte da comunidade internacional encorajaram Israel a cometer crimes de guerra com impunidade, como se fosse um país acima da Lei Internacional.

Embaixador da Palestina

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