Israel condena dois menores pelo homicídio de Abu Khudair

Assassínio do adolescente palestiniano aconteceu um mês depois de três estudantes israelitas terem sido mortos a tiro na Cisjordânia.

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Os pais de Mohammed Abu Khudair com a sua fotografia, junto ao tribunal em Jerusalém MENAHEM KAHANA/AFP

Dois menores israelitas foram considerados culpados esta segunda-feira pelo homicídio do palestiniano Mohammed Abu Khudair, de 16 anos, queimado vivo no ano passado em Jerusalém. A sentença deverá ser definida em Janeiro.

Este crime, que se seguiu à morte de três estudantes israelitas, abriu uma espiral de violência que levou ao conflito israelo-palestiniano do Verão de 2014.

A identidade dos dois jovens não foi revelada, e o julgamento do terceiro responsável pelo homicídio, Yusef Haim Ben-David, de 31 anos, foi adiado. Os advogados de Ben-David alegarem insanidade mental do seu cliente, que não estaria em plena consciência dos seus actos no dia do crime.

“Como podem dizer agora que Bem-David é demente, onde estava essa opinião há um ano ou há dois meses atrás?”, questionou o pai de Khudair, Hussein Khudair, após a sessão num tribunal em Jerusalém. “Espero que o tribunal mude de opinião”.

No vídeo da reconstituição do crime apresentado em tribunal, Ben-David faz toda a descrição do que se passou na noite do homicídio, mas o seu advogado afirma que o acusado não se recorda do sucedido. Vai ser submetido a uma avaliação psiquiátrica.

Ben-David terá planeado o ataque, e foi acusado pelos dois menores de os ter incitado a tomar comprimidos e energéticos poucas horas antes do crime, para que ficassem alterados e cooperassem no homicídio.

Abu Khudair foi raptado a 2 Julho de 2014 em Choufat, Jerusalém Oriental, e levado para uma floresta, onde foi agredido, regado com petróleo e queimado ainda com vida. Os três homicidas confessaram o crime, mas a defesa dos menores sustenta que os acusados não sabiam que o objectivo de Ben-David era matar Khudair. Um deles admitiu ter regado o jovem com gasolina, o segundo diz ter ficado no carro, alheio ao que se estava a passar na floresta.

Ao longo da investigação, Ben-David admitiu às autoridades que a morte de Khudair foi uma retaliação pela morte de três israelitas, um mês antes, na Cisjordânia. Em Junho, três estudantes tinham desaparecido quando apanhavam boleia para casa. Numa operação de busca que durou 18 dias, os corpos de Eyal Yfrah, de 19 anos, Gilad Shaer e Naftali Fraenkel, de 16 foram encontrados em Hebron, abatidos a tiro.

Israel atribuiu a autoria do crime ao grupo palestiniano Hamas, e os confrontos intensificaram-se na faixa de Gaza. Rockets foram lançados contra Israel, que retaliou com ataques aéreos, numa intensa operação militar que fez mais de dois mil mortos do lado palestiniano. Dois suspeitos de terem morto os estudantes foram abatidos por forças israelitas num tiroteio em Setembro, e um terceiro, Hussam Kawasame, foi capturado e condenado a prisão perpétua em Janeiro.

 

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