Israel bombardeou "centro de investigação militar" sírio, diz regime de Assad

Armas químicas podem ter sido alvo dos aviões israelitas, que atacaram nos arredores de Damasco.

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Durante o dia de quarta-feira houve combates na zona de Ain-Tarma, em Damasco Goran Tomasevic/REUTERS

Aviões da Força Aérea Israelita atacaram um centro de investigação militar na província de Damasco entre a noite de terça-feira e a madrugada desta quarta-feira, afirma o comando militar do regime de Bashar Al-Assad, contrariando notícias anteriores de que os caças israelitas teriam visado uma coluna de veículos na fronteira entre a Síria e o Líbano, com armas provenientes da Síria.

Damasco diz que duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas no ataque em Jamraya, descrito como um dos vários “centros de investigação militar destinados a melhorar o nível de resistência e autodefesa”, cita a Reuters. Os aviões israelitas sobrevoaram o Líbano – que foi quem denunciou inicialmente o ataque, na manhã desta quarta-feira – a uma altitude abaixo do detectável pelos radares, a norte do Monte Hermón, e regressaram pelo mesmo caminho, diz o comando militar sírio.

Segundo a AFP, que falou com habitantes de Damasco, seis mísseis israelitas atingiram pelas 21h30 GMT (hora de Lisboa) de terça-feira um centro de investigação de armas não-convencionais – como as armas químicas – que existe em Al-Hameh, a cerca de 15 quilómetros a noroeste de Damasco. As instalações terão ficado parcialmente destruídas, no incêndio que se seguiu. Um vídeo colocado na Internet por militares anti-regime da região mostra explosões na noite e as chamas de um incêndio, relata a agência francesa.

No domingo, o vice-primeiro-ministro israelita Silvan Shalom afirmou que o Estado hebraico poderia fazer ataques aéreos contra alvos sírios, se houvesse qualquer indício de que o regime de Assad estava em vias de perder o controlo sobre o seu arsenal de armas químicas. Shalom fez estas declarações para confirmar notícias surgidas nos media sobre uma reunião de chefes dos serviços de segurança convocada na semana passada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para discutir a guerra civil na Síria e o estado do seu arsenal químico.

Esta reunião foi considerada bastante invulgar, porque não tinha sido tornada pública e decorreu quando ainda se faziam as últimas contagens dos votos das eleições legislativas israelitas, adianta a Reuters. Shalom relacionou a possível desagregação do regime, que foi mencionada nos últimos tempos, com a eventualidade de as armas químicas caírem nas mãos das guerrilhas do Hezbollah ou outros grupos apoiados por Assad. “Isso alteraria de forma drástica as capacidades dessas organizações”, disse o ministro à Rádio do Exército de Israel.

Israel e a NATO pensam que a Síria tem stocks de agentes de guerra química em quatro locais – embora Assad mantenha estas armas em segredo. Garante que não as usaria contra o seu próprio povo, só as utilizaria em último recurso contra um ataque vindo do estrangeiro.
 
 

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