"Irão não é uma ameaça para o mundo”, diz Rohani

Presidente iraniano aberto a conversações sobre programa nuclear. Chefes da diplomacia do Irão e dos EUA encontram-se quinta-feira.

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Rouhani, durante o discurso na Assembleia Geral da ONU Ray Stubblebine/Reuters

O Presidente do Irão, Hassan Rohani, foi a Nova Iorque dizer à Assembleia Geral das Nações Unidas que o seu país está disponível para conversações sobre o programa nuclear e insistiu que não representa uma ameaça para o mundo.

“O Irão não representa de forma alguma uma ameaça para o mundo ou para a região. As armas nucleares e outras armas de destruição maciça não têm lugar na doutrina de segurança e de defesa do Irão e contradiz as nossas convicções religiosas e éticas”, disse Hassan Rohani, durante o seu discurso em Nova Iorque.

Falando já depois de Barack Obama ter dito que os Estados Unidos estão dispostos a testar a “via diplomática” com o Irão, Rohani afirmou que o seu país está disposto a conversações orientadas para resultados e com prazos bem definidos.

Mas também repetiu que as sanções da ONU e dos países ocidentais contra o Irão são “violentas” e que afectam “as pessoas comuns” e não “as elites políticas”.

Os responsáveis iranianos afirmam que estão a enriquecer urânio com o fim único de produzir energia, mas os Estados Unidos, Israel e outros países ocidentais suspeitam que o Irão está a tentar construir armas nucleares.

O programa nuclear do Irão será agora alvo de conversações entre o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, na quinta-feira. Um encontro informal muito raro entre os dois países e em que participarão também os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Reino Unido, China, França e Rússia), além da Alemanha – é a chamada reunião 5+1.

Em entrevista à CNN, o Presidente iraniano disse que a possibilidade de um aperto de mão com Barack Obama não se concretizou por falta de tempo de preparação. “Os Estados Unidos declararam o interesse em ter um encontro e, em princípio, o Irão estaria de acordo em certas circunstâncias. Mas acredito que não tivemos tempo suficiente para realmente coordenar o encontro”.

Pouco depois, o primeiro-ministro israelita emitiu um comunicado classificando o discurso de Rohani como “cínico e totalmente hipócrita”, quer quando falou de direitos humanos, quando condenou o terrorismo ou assegurou que o programa nuclear do país é pacífico.

“Qualquer pessoa razoável compreende que o Irão, um dos países mais ricos em petróleo, não investe capitais em mísseis balísticos e em instalações nucleares subterrâneos para produzir energia”, escreve Benjamin Netanyahu, que tem sido muito crítico da reacção ocidental à disponibilidade para dialogar com Rohani, temendo que as negociações conduzam ao alívio das sanções.

Condenação do Holocausto
Na mesma entrevista à CNN, Rohani considerou o Holocausto “censurável e condenável”. “Não sou historiador e no que respeita à dimensão do Holocausto devem ser os historiadores a pronunciar-se. Mas, genericamente, posso dizer que qualquer crime contra a humanidade, incluindo os crimes nazis contra judeus, são censuráveis e condenáveis”, disse o líder iraniano.

Esta posição, que contraria as declarações do ex-Presidente Mahmoud Ahmadinejad, que expressou dúvidas sobre a dimensão do Holocausto, não satisfez, porém, os israelitas.

Vários membros do Governo de Israel consideraram-nas insuficientes. “É verdade que ele não negou a Shoah, mas não condenou aqueles que a negam, como o seu antecessor e outros dirigentes iranianos,” disse à rádio pública israelita Youval Steinitz, ministro que tem a pasta das Relações Internacionais.
 
 
 
 

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