Líder do terceiro partido angolano diz que investimentos em Portugal servem para lavar dinheiro

Afirmação de Abel Chivukuvuku segue-se a declaração feita na semana passada por presidente da UNITA, de que autoridades portuguesas devem “questionar a origem” do dinheiro aplicado no país.

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Chivukuvuku, em primeiro plano, na campanha eleitoral de 2012 Siphiwe Sibeko/Reuters-Arquivo

Os investimentos de Angola em Portugal servem para lavar dinheiro, acusou Abel Chivukuvuku, líder da coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE).

“Nós encorajamos o investimento recíproco. O que apenas consideramos negativo é quando Portugal quase se torna uma espécie de refúgio de capitais ilícitos. Ilícitos de Angola para Portugal”, disse, esta quarta-feira, em Luanda.

O líder da coligação, terceira maior força política angolana, falava numa conferência de imprensa em que apresentou o balanço da digressão que uma delegação da CASA-CE efectuou este mês a Portugal e a outros países europeus e Estados Unidos, para contactos políticos.

“É público, é sabido, que as relações entre países têm muitas dimensões: políticas, sociais, culturais ou económicas. Obviamente que Portugal e Angola devem aprofundar as relações económicas e crescimento do investimento recíproco para o bem dos dois países”, defendeu. O que não está certo, para Abel Chivukuvuku, é que os múltiplos investimentos de cidadãos angolanos em Portugal configurem uma lavagem de dinheiro obtido ilicitamente.

“Se fossem capitais lícitos, ganhos normalmente com trabalho, honestidade e seriedade, seria benéfico e positivo, mas quando se torna espaço de branqueamento de capitais ilícitos, já é negativo”, acusou, referindo que o mesmo não se passa com outros países. Instado a identificar quais os investimentos a que se refere, Abel Chivukuvukui declinou, referindo apenas que são públicos. “São do conhecimento público. Basta pesquisar na comunicação social internacional”, afirmou.   

Na semana passada,  Isaías Samakuva, líder da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principal partido da oposição em Angola, disse em Lisboa que é “responsabilidade” das autoridades portuguesas “questionar a origem” do dinheiro de investimentos angolanos em Portugal. “Pelo que se conta, são histórias do dia-a-dia, pelo menos em Angola, esse dinheiro vem em malas, em aviões que aterram em Lisboa, e são descarregadas sem que ninguém diga alguma coisa. É verdade?... Não é verdade?...”, perguntou numa entrevista à SIC Notícias.
 

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