Investigadores franceses não acreditam que Arafat tenha sido envenenado

Viúva do histórico líder palestiniano "incomodada pelas contradições entre os melhores peritos europeus".

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Arafat no helicóptero que o levaria ao hospital de Paris onde morreu em 2004 Odd Andersen/AFP

Uma equipa de cientistas franceses acha que o líder palestiniano Yasser Arafat não foi envenenado, concluindo antes que a causa de morte terá sido uma “infecção generalizada”.

Antes, uma equipa de cientistas suíços tinha considerado “moderadamente provável” que Arafat tivesse morrido envenenado com polónio 210, uma substância radioactiva de difícil acesso, num hospital de Paris, em 2004.

A sua viúva, Suha Arafat, não demorou a comentar os resultados da investigação francesa, que não foram divulgados oficialmente (houve uma fuga de informação do relatório): “Estou incomodada pelas contradições entre os melhores peritos europeus na matéria”.

“Há diferentes interpretações”, disse a viúva de Arafat numa conferência de imprensa. “Foi o corpo envenenado que contaminou o ambiente? Ou foi o contrário?”, questionou – ambos os relatórios admitem a presença de polónio. “A primeira é a conclusão dos suíços, que acham que o corpo foi envenenado e contaminou o ambiente. Os franceses chegaram à conclusão oposta”.

Já o advogado de Suha criticou a “abordagem muito conservadora” dos investigadores franceses, dizendo que confia apenas nas conclusões dos suíços.

Investigadores suíços, franceses e russos tiveram acesso a amostras dos restos mortais de Arafat, depois de o seu corpo ter sido exumado do mausoléu em que estava sepultado em Ramallah em 2012. Arafat tinha morrido em 2004, depois de ficar doente no seu quartel-general, a Muqata, em Ramallah, e ser levado para um hospital francês, onde acabou por morrer sem que os médicos conseguissem perceber porquê.

O estudo da universidade suíça de Lausana dizia que tinha encontrado um nível entre 16 e 36 vezes maior de polónio 210 em amostras de ossos de Arafat assim como no solo em volta do corpo. Mas o espaço de tempo entre a morte e a investigação fez com que não houvesse tecidos moles, que poderiam ter ajudado a definir com mais certeza a causa da morte.

Como o polónio não está naturalmente no ambiente, os cientistas suíços apoiam “moderadamente” a tese de que o líder palestiniano foi envenenado.

O corpo de Arafat foi exumado depois de Suha ter dado à Al-Jazira uma lista de pertences. Entregues à universidade suíça, mostraram restos de polónio em sangue e urina do antigo líder palestiniano, levando à decisão de exumar o corpo. A revelação levou Suha a apresentar nova queixa às autoridades francesas, que abriram uma nova investigação.

Em Novembro, responsáveis palestinianos disseram que o relatório dos peritos russos não encontrou “provas suficientes” para apoiar a afirmação de que Arafat foi envenenado.

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