Imigrantes na mira dos conservadores britânicos

Os conservadores estão a radicalizar o discurso em relação aos imigrantes, com as eleições de 2015 no horizonte. O Reino Unido poderá mesmo abandonar a Convenção Europeia dos Direitos Humanos

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A nova primeira-ministra já rejeitou a hipótese de repetir o referendo Paul Ellis/AFP

A ministra britânica do Interior, Theresa May, prometeu que os conservadores vão remover a Lei dos Direitos Humanos após as próximas eleições. Em causa poderá estar mesmo a saída do Reino Unido da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, cenário que não é afastado pela ministra.

“Se abandonar a convenção europeia é o necessário para alterar as nossas leis de direitos humanos, então será isso que faremos”, anunciou a ministra, citada pelo The Guardian, perante o congresso dos Conservadores, reunido em Manchester.

No domingo, o primeiro-ministro e líder dos tories, David Cameron, já havia admitido a possibilidade de recorrer à “opção nuclear” de abandonar a convenção, apesar dos alertas deixados pelo procurador-geral, Dominic Grieve, para a possível degradação da imagem internacional do Reino Unido.

Nas próximas semanas será apresentada igualmente uma alteração à lei de Imigração com o objectivo de endurecer as medidas de deportação. Actualmente são garantidas 17 vias pelas quais os cidadãos alvo de deportação podem recorrer. A intenção do executivo liderado por David Cameron é cortar as possibilidades de apelo para apenas quatro, o que, de acordo com os cálculos da ministra, irá reduzir para metade o número de recursos. Segundo a imprensa britânica, são pedidos em média 70 mil recursos por ano.

As alterações legislativas prevêem também que os criminosos deportados sejam obrigados a colocar os seus recursos no estrangeiro, nos casos em que não estejam sujeitos a “ofensas graves e irreversíveis” no seu país de origem.

Theresa May justifica as alterações às Leis de Imigração com as dificuldades com que o governo se depara para deportar criminosos e suspeitos de terrorismo. “Alguns juízes escolhem ignorar o Parlamento e põem a lei do lado de criminosos estrangeiros em vez do público”, acusou a ministra, citada pelo Telegraph.

O endurecimento do discurso dos conservadores tem em vista as eleições legislativas de 2015, nas quais se prevê que a imigração seja um dos temas mais em jogo. Com os trabalhistas a liderarem as sondagens, os tories preocupam-se com a subida dos euro-cépticos e xenófobos do UKIP que ameaçam captar uma fatia considerável de eleitorado tradicionalmente conservador.

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