Há denúncias de que milícia chavista está a matar pessoas na Venezuela

As maiores manifestações são em Caracas, mas no estado de Carabobo houve três homicídios e há uma rusga policial em curso. Maduro promete "medidas drásticas".

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Protesto em Caracas Jorge Silva/REUTERS

Um mês de protestos contra o governo na Venezuela resultou em 28 mortos e 365 feridos, no balanço feito pela procuradora geral, Luisa Ortega Dias. Só de quarta para quinta-feira morreram três pessoas, assassinadas a tiro, na cidade de Valencia, capital do estado de Carabobo, a cerca de 200 quilómetros da capital, onde há relatos de estarem em acção milícias chavistas denominadas “colectivos”.

Estes “colectivos” surgiram como guardiães das políticas da revolução bolivariana de Hugo Chávez, enquanto o ex-Presidente era vivo. Têm um lado de organização social, com grupos de estudo, livrarias, campos de Verão para as crianças, mas também estão na linha da frente quando é preciso músculo, explica a Reuters. São acusados de terem atacado trabalhadores de televisões da oposição, de enviarem ameaças de morte a jornalistas da imprensa, até de terem lançado gás lacrimogéneo para a residência do embaixador do Vaticano em 2009, depois do Chávez ter acusado a Igreja Católica de estar a interferir na política venezuelana.

Nas manifestações que degeneraram em violência a 12 de Fevereiro, em que pela primeira vez houve mortos em Caracas, morreu um dos seus líderes – Juan Juancho Montoya.

Agora, diz o jornal El País, há testemunhas a dizer que estes colectivos estarão em acção em Carabobo, e terão estado por trás da morte de três pessoas na noite de quarta para quinta-feira. Um deles era um homem apanhado por um tiro quando estava a pintar a sua casa; outro era um estudante, Jesus Acosta, que foi baleado numa rua perto da sua casa, sem estar a participar em protestos; o terceiro era o capitão do exército, Ramso Brancho, que morreu num tiroteio com “criminosos terroristas”, nas palavras do governador Francisco Amelicach, um chavista que fazia parte do círculo íntimo de Hugo Chávez.

Activistas da oposição dizem que está a haver uma onda de ataques contra estudantes em Valencia. O governador do estado, Amelicach, diz que isso é um disparate, e acusa franco-atiradores da oposição, relata a Reuters. Mas recusou-se a responder à acusação de que haverá “colectivos” em acção no seu estado.

O jornal venezuelano El Nacional noticiou que a polícia está a fazer rusgas em casas de vários municípios de Valencia. Relacionava isso com as declarações feitas por Maduro após a manifestação de quarta-feira da oposição em Caracas, que resultou em violentos confrontos com a polícia, com amplo uso de gás lacrimogéneo e canhões de água. Segundo a AFP, a proporção era de 3000 manifestantes para 300 polícias.

O Presidente, que considerou a actuação da polícia “impecável”, prometeu aplicar “medidas drásticas” para acabar com estes protestos que já levam um mês. Essas medidas serão discutidas numa reunião extraordinária do Conselho de Segurança – um órgão que congrega ministros e autoridades militares e policiais – marcada para quinta-feira à noite. 

A polícia prenderam seis pessoas em Valencia, classificadas como "bandidos", anunciou o Presidente Nicolás Maduro, horas depois. "Revistamos os lugares onde esses bandidos estavam escondidos, e temos seis presos. Apreendemos armas, C4 (explosivo), bombas, e continuamos as buscas", declarou Maduro, sem divulgar as identidades dos detidos.

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