Há 50 anos que não morriam tão poucos polícias em serviço nos EUA

Uma segunda estatística diz que o número de "homicídios justificáveis" – da autoria de polícias – está a subir.

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A polícia americana recebeu o material que sobrou das guerras no Iraque e no Afeganistão AFP

O ano passado foi bom para a polícia. Há 50 anos que não morriam tão poucos polícias em serviço: 76, e apenas 27 enquanto enfrentavam criminosos, segundo a estatística revelada pelo FBI (a polícia federal, que recolhe estes dados desde 1961). A maioria das mortes foi em acidentes,

Uma segunda estatística, do National Law Enforcement Memorial Fund, que recolhe dados há mais décadas, diz que desde 1944 que não morriam tão poucos polícias em serviço. E dá um dado adicional: "O número de mortes [de polícias] por armas de fogo [disparadas por criminosos] atingiu em 2013 o nível mais baixo em 126 anos, com 31 agentes mortos a tiro; em 1887 foram 27".

As estatísticas foram recuperadas depois da eclosão dos motins em Ferguson, onde um polícia matou um adolescente negro desarmado, porque, acreditando que era perigoso e podia estar armado, teve receio pela vida. O grande declínio nas mortes de polícias em serviço — desde 2011 que o número está a baixar — coincide com o aumento dos chamados "homicídios justificáveis".

Na definição do FBI, um "homicídio justificável" é "a morte de um criminoso por um polícia em serviço" — em 2013 este número subiu (os jornais não dão dados concretos porque os números não são recolhidos a nível federal e não são nacionais) e desde 1994 que não se contabilizavam tantos.

Por isso, sublinha o jornal The Washington Post, se há motivos para os cidadãos estarem mais tranquilos, porque há mais criminosos e menos polícias a morrer, também há motivo de apreensão. Sobretudo quando se olha para o crescente número de tragédias difíceis de explicar. Como o caso de Michael Brown, em Ferguson, ou o do rapaz de 12 anos de Cleveland, morto na semana passada por um polícia quando estava num parque a brincar com uma arma falsa, de plástico, ou como outro caso menos mediatizado, em Nova Iorque, onde a polícia matou acidentalmente um homem desarmado.

O jornal refere que, nos últimos anos, a polícia dos EUA beneficiou do material que foi regressando do Iraque e do Afeganistão, à medida que as tropas americanas foram abandonando estes cenários de guerra. Os polícias receberam material excedente e estão agora mais bem protegidos com equipamento mais seguro. Mas também estão mais bem armados, e proliferam agora os veículos blindados e as armas de assalto.

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