Grupo jihadista na Síria declara obediência à Al-Qaeda

Frente Nusra tem aparecido frequentemente na linha da frente do combate ao regime de Assad.

Foto
A Frente Nusra colabora com vários grupos na guerra síria Zac Baillie/AFP

A Frente Nusra, um grupo jihadista com voluntários estrangeiros e combatentes sírios, uma das formações que mais têm surgido na frente de combate contra o regime de Bashar al-Assad, declarou esta quarta-feira a sua obediência à Al-Qaeda. Ao mesmo tempo, desmentiu integrar o ramo iraquiano da rede, como fora anunciado pelos iraquianos.

Os especialistas em redes terroristas e jihad internacional ainda estavam a analisar as implicações da fusão da Nusra com a Al-Qaeda no Iraque para a guerra síria quando foi conhecida a mensagem de áudio de Abu Mohammed al-Julani, chefe do grupo formado para combater a ditadura síria. “Nós, a Frente Nusra, declaramos obediência ao xeque Ayman al-Zawahiri”, afirmou Julani na mensagem divulgada em fóruns de discussão online habitualmente usados para anúncios, e citada pela AFP.

Zawahiri, sucessor de Osama bin Laden e herdeiro do que resta da Al-Qaeda que nasceu nas províncias entre o Paquistão e o Afeganistão, é uma coisa – o grupo que se afirma representante da Al-Qaeda no Iraque é outra. “Informamos que nem o comandante da Nusra nem a sua shura [conselho consultivo] nem o seu responsável geral estavam ao corrente deste anúncio”, diz Julani, acrescentando não ter "sido “consultado”.

Na véspera foi conhecida uma mensagem de Abu Baqr al-Baghdadi, líder da Al-Qaeda no Iraque, dizendo que a Nusra é um ramo da sua organização e que o objectivo comum é erguer um Estado islâmico “no Iraque e no Levante”. Julani sublinha que o anúncio não foi “apropriado” e explica: “Adiámos o anúncio da adesão à Al-Qaeda por causa da particularidade síria”.

A particularidade síria inclui, entre outros aspectos, uma oposição política laica (a par de grupos islamistas) e o Exército Livre da Síria, grupo que começou por tentar organizar as várias unidades de desertores e de voluntários que combatiam isoladamente o regime.

Na terça-feira, depois de ser conhecida o anúncio de Baghdadi, o porta-voz do Exército Livre, Louai Meqdad, afirmou que “ninguém tem o direito de impor aos sírios a forma do seu Estado”. “Nós não apoiamos a ideologia da Nusra” e “lutamos por um Estado democrático”, disse Meqdad, repetindo uma mensagem frequente. Depois, admitiu aquilo que há muito o grupo deixou de tentar esconder. Algumas brigadas do Exército Livre “cooperam com eles em algumas operações” – “é uma cooperação táctica e pontual”, justificada pelo facto de a Nusra ser “financiada e armada”.
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar