Chanceler austríaco foi a Lesbos ver o que é uma "porta de entrada" na UE

Grécia vai criar mais três campos de registo e triagem de refugiados. Werner Faymann disse que na resolução desta crise a "prioridade deve ser a luta pela liberdade e contra a guerra na Síria".

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Faymann e Tsipras no campo de refugiados sírios de Mytilene, em Lesbos Dimitris Michalakis/Reuters

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, mostrou esta terça-feira ao chanceler austríaco o que é ser um país de entrada na União Europeia. Com Werner Faymann, visitou um centro de registo e triagem de refugiados e o porto de Mytilene, ambos na ilha de Lesbos, no Mar Egeu, onde estão neste momento quatro mil pessoas; só na terça-feira entraram 2500.

"Como se vê, este é um problema da Europa", disse Tsipras ao primeiro líder da União Europeia que foi visitar Lesbos. Uma grande percentagem dos 420 mil refugiados que chegaram este ano à Grécia (número da Organização Mundial para as Migrações) passaram também pela Áustria, no caminho para o destino desejado, a Alemanha.

Antes de partir para Lesbos, Faymann tinha dito que a tarefa que é preciso realizar na Grécia é "um desafio, mas politicamente é o correcto". O Governo de Viena vai participar na criação de mais centros de registo e triagem, conforme ficou acordado no âmbito da União Europeia. Em Novembro — pelo menos é essa a data prevista — existirão cinco, os dois já em funcionamento em Lesbos e Chios, e três novos em Samos, Leros e Kos, anunciou esta terça-feira o Governo de Atenas. "É preciso instalar estes centros para organizar os processo de registo mas também colaborar com as autoridades turcas de forma a melhorar as condições para os migrantes, de forma a que não ponham em risco a sua vida", disse Tsipras.

Será de campos de registo e triagem na Grécia e Itália que partirão os 120 mil refugiados a serem distribuídos pelos países da Europa, segundo ficou decidido pelos líderes numa cimeira em Bruxelas, no mês passado.

Da Áustria, chegarão cem especialistas para trabalhar nos centros e o programa das Nações Unidas para a Alimentação Mundial receberá 30 milhões de euros para alimentar os refugiados, que vão continuar a chegar.

A situação humanitária dos refugiados na Grécia atingiu um ponto de ruptura no Verão, devido à incapacidade do país, a braços com uma grave crise económica e social, em acolher a enorme quantidade de pessoas que chegavam — milhares de pessoas dormiram ao relento e passaram fome e sede. As próprias autoridades gregas, num apelo à ajuda à União Europeia, disseram que a situação dos refugiados era "miserável".

"Se houver mais gente a caminho [da UE], vai ser muito difícil pará-la", disse o chanceler austríaco. Faymann considerou que, na resolução do problema dos refugiados, "a prioridade é lutar pela liberdade e contra a guerra na Síria e, em segundo lugar, financiar campos de refugiados na região síria".

E há muito mais gente a caminho, assim como há muito mais gente em risco de vida. Segundo a televisão pública grega, a guarda costeira resgatou entre segunda e terça-feira 423 refugiados que faziam a viagem entre a costa turca e a grega, uma distância de 4,4 quilómetros.

A visita de Faymann e Tsipras a Lesbos serviu também para ser feito o anúncio de que, a partir de quarta-feira, a operação de vigilância contra o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo vai ser alargada — a missão Sophia (antiga EUNAVFOR-Med, repatizada com o nome de uma bebé que nasceu num barco patrulha em Agosto), vai ter mais meios.

 

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