Grécia paga empréstimo ao FMI a tempo

Atenas terá pedido ao Eurogrupo alguma ajuda para liquidez. Este terá dado um prazo de seis dias para que apresente plano de reformas mais detalhado.

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Yanis Varoufakis. A Grécia pagou parte do empréstimo ao FMI mas a liquidez está a chegar ao fim Charles Platiau/Reuters

A Grécia pagou nesta quinta-feira, no dia devido, parte do empréstimo ao FMI (Fundo Monetário Internacional), 448 milhões de euros, mas uma sucessão de prazos e falta de liquidez fazem com que vários dias apareçam como datas-chave nas próximas semanas.

Segundo fontes citadas pela agência Reuters, os restantes países da zona euro impuseram a Atenas um prazo de seis dias úteis para que o Governo dê mais detalhes sobre um plano de reformas que inclua cortes que o Eurogrupo quer ter antes de dar luz verde a uma libertação de uma terceira tranche do empréstimo (7,2 mil milhões de euros), suspensa desde antes das eleições que deram a vitória ao Syriza, de Alexis Tsipras. A próxima reunião do Eurogrupo, que é dada como a que terá de decidir se as reformas são suficientes para desbloquear as verbas, ocorre a 24 de Abril.

Ao mesmo tempo, o Governo grego pediu que houvesse alguma transferência de verbas ainda antes desta data, dizendo que a liquidez estava a esgotar-se. Ninguém sabe exactamente para quanto tempo terá Atenas dinheiro, já que não recebe qualquer financiamento da troika desde Agosto. Houve rumores de que este limite seria atingido em meados de Abril – e, nesse caso, o Governo teria dificuldade em pagar os estimados 1,7 mil milhões em pensões e subsídios no final do mês – ou meados de Maio (no dia 12, há mais um pagamento a ser feito ao FMI, de 767 milhões de euros).

“Do lado grego, houve uma afirmação forte de que a liquidez está a ficar mesmo má”, disse à Reuters um responsável da zona euro. “Mas ninguém sabe como se poderia fazer isto – não há vontade de dar apoio antes de haver progressos no programa de reformas”. Outro responsável comentou: “A atmosfera estava melhor do que na última vez, mas a substância continua tão opaca como antes.”

O clima de desconfiança leva a que alguns digam mesmo que as verbas só serão desbloqueadas após a aprovação de leis no Parlamento – promessas só não chegariam.

O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, acusou os credores de pressionarem a Grécia a aceitar termos menos favoráveis num altura em que é obrigada a medidas de curto prazo para assegurar liquidez enquanto negoceia. Na véspera do pagamento ao FMI, a Grécia emitiu dívida a seis meses e conseguiu com isso 1138 milhões de euros.

O Governo de Tsipras prometeu não levar a cabo mais medidas que levem a recessão depois de cinco anos de austeridade não darem frutos e a dívida grega continuar a crescer. O Governo adoptou ainda uma série de medidas de apoio social que os parceiros do Eurogrupo vêem com desconfiança por poderem aumentar os gastos.

Mesmo com estas medidas, e se a 24 de Abril for conseguido um acordo com o Eurogrupo, cada vez mais parece que o país ganha simplesmente uns meses para respirar até Junho, quando poderá ter de pedir um terceiro empréstimo.

Enquanto a Grécia se exaspera com a falta de confiança dos credores – que foram mais suaves nas exigências para com as promessas de reformas de governos anteriores, muitas das quais não foram feitas –, vários países da zona euro também dizem estar a perder a paciência (uma expressão muito ouvida na Alemanha a propósito da Grécia). Um exemplo veio de um memorando supostamente secreto do Governo finlandês a que um jornal teve acesso. Neste documento, o Executivo de Helsínquia avisava para a possibilidade de, “por aprovação silenciosa de outros países da zona euro, começar um processo que tem como resultado prático a saída de facto da Grécia do euro”.

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