Grécia liderada por primeira-ministra interina até às eleições

Alexis Tsipras diz que não vai liderar um governo de coligação com a Nova Democracia ou o Pasok.

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Vassiliki Thanou-Christophilou chefiará o Governo interino da Grécia que toma posse esta sexta-feira Costas Baltas/Reuters

O Presidente grego, Prokopis Pavlopoulos, nomeou a presidente do Supremo Tribunal do país, Vassiliki Thanou-Christophilou, para chefiar o Governo interino, depois de os dois maiores partidos da oposição terem tentado – e falhado – formar um novo governo. Horas depois Thanou-Christophilou tomou posse, tornando-se a primeira mulher a chefiar um governo na Grécia.

Como previsto, na actual composição do Parlamento, não havia espaço para uma maioria sem o Syriza do primeiro-ministro cessante Alexis Tsipras. Este demitiu-se após assegurar a aprovação no Parlamento dos termos para um terceiro empréstimo à Grécia, receber a primeira tranche e fazer pagamentos devidos ao Banco Central Europeu. Qualquer governo que se siga está obrigado a cumprir as duras medidas do acordo, com as tranches a serem entregues apenas após a aprovação parlamentar de várias das medidas.

Vassiliki Thanou-Christophilou é muito crítica do programa de austeridade, pelo que não se esperam avanços no programa até às eleições, que se pensa serem no dia 20 de Setembro.

Alexis Tsipras deu uma entrevista após a sua demissão e cisão no seu partido, o Syriza, justificando a sua acção e dizendo que aceitar as condições para o empréstimo foi fazer “a escolha responsável” – palavras que para o analista Nick Malkoutzis são a desculpa para a esquerda e o elo de ligação com os centristas. No entanto, dá a entender que não chefiará um governo em que tenha de colaborar com os partidos que já governaram a Grécia, ou seja, Nova Democracia ou Pasok. Pode ser uma estratégia para tentar levar o Syriza a uma maioria suficiente para governar sem necessidade de parceiro de coligação.

Mas com umas eleições completamente imprevisíveis, o correspondente em Bruxelas do diário britânico The Guardian notava a ironia: “É possível que Tsipras ganhe todas as eleições que a troika quer que ele perca, mas possa perder a única que a troika quer que ele ganhe.” Dos credores têm vindo reacções positivas a esta votação, esperando que resultem num Governo com maior capacidade de aprovar as dolorosas medidas do novo memorando.

O partido que saiu do Syriza, Unidade Popular, fará campanha pela saída da Grécia do euro.

Já o antigo ministro das Finanças de Tsipras, Yanis Varoufakis, disse que não participaria nestas eleições, que classificou como “tristes”. Varoufakis adiantou que iria focar-se num movimento para “restaurar a democracia” na Europa. Na semana passada, Varoufakis esteve em França com o antigo ministro Arnaud Montebourg (que saiu numa remodelação feita por François Hollande)  e o líder do Partido de Esquerda Jean-Luc Mélenchon

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