Governo das Filipinas dividido sobre a ajuda aos refugiados rohingya

Governo tailandês convocou uma cimeira regional para 29 de Maio. A Birmânia ainda não disse se estará presente ou não.

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Refugiados rohingya num centro de acolhimento temporário da Indonésia Sutanta ADITYA/AFP

A vaga de refugiados rohingya que anda à deriva no mar está a dividir o Governo das Filipinas — alguns responsáveis vieram nesta terça-feira dizer que o país está disponível para os acolher, mas outros já disseram que isso está fora de questão.

As Filipinas "alargaram o âmbito da assistência humanitária em vigor desde os anos de 1970, quando foi criado um centro de acolhimento a viajantes vietnamitas", disse o secretário das Comunicações, Hermínio Coloma. Referia-se ao acolhimento de refugiados da Guerra do Vietname, que fugiram do conflito em embarcações precárias.

As palavras de Coloma sugeriam que os milhares de rohingya — uma minoria muçulmana birmanesa, perseguida pelas autoridades que os consideram imigrantes do Bangladesh, apesar de as famílias viverem neste país há várias gerações — que andam à deriva no golfo de Bengala e no mar de Andamán, no Sudeste Asiático, iriam ser recebidos pelas Filipinas. Porém, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Charles José, em declarações ao canal de televisão filipina ANC, não o confirmou. "Temos o compromisso e a obrigação de alargar a assistência humanitária a estes pessoas que pedem asilo", disse, sem precisar que tipo de assistência poderá ser prestada pelo Governo de Manila.

Milhares de refugiados — sobretudo rohingya, mas também bangladeshis — andam há meses à deriva nos mares do Sudeste Asiático. Dos países da região, apenas dois, as Filipinas e o Cambodja, assinaram a convenção das Nações Unidas que define o estatuto dos refugiados.

Algumas embarcações, botes precários, conseguiram chegar a terra, mas foram de novo empurradas para o mar. Malásia, Indonésia e Tailândia estão a jogar pingue-pongue com estes refugiados, acusaram as organizações humanitárias — recebem os barcos por algumas horas, alimentam quem está a bordo e devolvem a embarcação à água. Um destes botes já foi rejeitado pelos três países; tem a bordo 300 pessoas, entre elas crianças, e neste momento não se sabe onde se encontra, uma vez que há alguns dias que não é detectado.

Se Manila decidir abrir as portas a estes refugiados, torna-se um "exemplo para a região", disse o subdirector para a Ásia da Human Rights Watch, Phil Robertson. Mas, nos últimos dias, outros representantes do Governo filipino disseram que os imigrantes/refugiados que chegarem à costa serão expulsos.

A crise humanitária adensa-se e, para discutir o problema, o Governo tailandês convocou uma cimeira regional para 29 de Maio. A Birmânia ainda não disse se estará presente ou não - o Governo deste país disse que "compreende a inquetação internacional" mas excluiu qualquer responsabilidade nesta crise. A ONU já apelou aos líderes da Indonésia, Malásia e Tailândia" no sentido de receberem estes refugiados.
 

   





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