Genro do rei de Espanha usou conta na Suíça para receber 350 mil euros

Dois arrependidos desmontam a defesa de Iñaki Urdangarín. Juízes têm agora provas das fraudes.

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Urdangarín está a ficar sem amigos JOSEP LAGO/AFP

Dois arrependidos do Caso Nóos, no qual o genro do rei de Espanha é acusado de fraude e desvio de dinheiro público, decidiram colaborar com a polícia e confirmar que este mandou falsificar facturas e cobrava dez mil euros para aparecer em público.

Robert Cockx, suspeito de ser um testa de ferro de Iñaki Urdangarín, disse ao juiz que "facilitou" uma empresa e uma conta bancária na Suíça para o genro do rei cobrar 350 mil euros. De acordo com o El País, há um segundo "arrependido", Mario Sorribas, colaborador da Aizoon, empresa propriedade de Urdangarín e da mulher, Cristina de Borbón.

Os dois homens – que em declarações anteriores negaram qualquer irregularidade – prestaram declarações perante o juiz que gere o caso e os seus testemunhos "debilitaram muito" a defesa de Urdangarín.

O departamento anticorrupção considerou que as declarações de Sorribas (e as de outra testemunha, Miguel Zorío, relações públicas) ajudam a "fechar o círculo", permitindo à acusação ter mais dados concretos para argumentar e elementos de prova sobre a acusação de fraude generalizada na gestão do Instituto Nóos, que estatutariamente não tem fins lucrativos mas que foi a plataforma de Urdangarín e o sócio Diego Torres usaram para enriquecer, ao longo de vários anos.

A investigação dura há quase três anos e Urdangarín e Torres são acusados de desvio de seis milhões de euros pagos pelo governo das Baleares e pela comunidade de Valência para o financiamento de eventos desportivos e de promoção das regiões através do desporto.

Sorribas, que era o braço direito de Urdangarín na Aizoon, disse que depois de o rei Juan Carlos ter "proibido" o genro de realizar negócios privados em 2006, Urdangarín continuou a fazê-lo.

O Caso Nóos envolve uma teia de empresas e Robert Cockx testemunhou na investigação sobre uma conta na Suíça para onde foram 350 mil euros da empresa pública Águas de Valência; Urdangarín foi contratado para assessorar projectos internacionais na região do Magrebe e do Mar Morto. Robert Cockx disse que cobrou 5% para emprestar a sua empresa, a Alternative Generale Service, e a sua conta na Suíça para o genro do rei receber esse dinheiro.

Miguel Zorío declarou aos juízes que o próprio Urdangarín mandara falsificar facturas no valor de 250 mil euros. E uma outra testemunha, Álex Sánchez Mollinger, disse que foi fixado um pagamento de dez mil euros para Urdangarín participar em reuniões com empresários ou para aparecer em alguns acontecimentos públicos.

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