Genro de Bin Laden condenado por terrorismo

Abu Ghait deverá conhecer a sentença a 8 de Setembro e pode enfrentar a prisão perpétua.

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Abu Ghait desenhado numa das sessões do julgamento Jane Rosenberg/Reuters

Antigo porta-voz da Al-Qaeda e genro de Osama bin Laden, Suleiman Abu Ghait foi condenado nesta quarta-feira num tribunal federal de Nova Iorque por conspirar para matar norte-americanos e fornecer apoio material a terroristas.

Até agora, Abu Ghait é um dos poucos homens considerados membros da Al-Qaeda a enfrentar a justiça nos Estados Unidos. Durante três semanas, a acusação apresentou-o como um elemento fundamental de recrutamento da organização, o que tentou provar com as suas mensagens gravadas em vídeo nas semanas que se seguiram aos atentados do 11 de Setembro. “Há milhares de jovens muçulmanos que querem morrer em nome de Alá. A tempestade de aviões não vai parar”, dizia numa delas.

Nas alegações finais, o procurador John Cronan descreveu Abu Ghait como “um confidente de confiança”, um “mensageiro” que aderia completamente às ideias de Bin Laden e à sua vontade de matar norte-americanos. Sem pessoas como ele, defendeu, a organização nunca teria conseguido recrutar novas gerações de terroristas.

Autor de discursos inflamados, o imã de 48 anos nascido no Kuwait (perdeu a nacionalidade depois dos atentados em Nova Iorque e Washington) falou em tribunal para dizer que nunca viu ninguém ser recrutado nem nunca quis matar ninguém. A sua primeira mensagem, de 12 de Setembro de 2011, foi gravada a pedido de Bin Laden, que o convocou para lhe dizer que era responsável pelos ataques.

“Quis espalhar uma mensagem em que eu acreditasse”, disse, antes de denunciar “a opressão” aos muçulmanos e de explicar que considera que estes têm o direito de se defender.

A sua defesa sublinhou que nunca matou ninguém, descrevendo-o como uma pessoa piedosa que no Verão de 2011 partiu para o Afeganistão com a família para “ajudar pessoas necessitadas”. “Algumas palavras, alguns dos seus conhecidos, podem provocar-nos náuseas, mas isso não prova uma conspiração para matar americanos”, disse o advogado Stanley Cohen.

Foi já no Afeganistão que Abu Ghait casou com uma das filhas de Bin Laden, Fatima. Em 2002, toda a família deixou o país e instalou-se no Irão. Foi preso no ano seguinte na Turquia, depois de ter atravessado a fronteira. Os turcos expulsaram-no para a Jordânia e daqui foi extraditado para os Estados Unidos.

Condenado pelos jurados, Abu Ghait deverá conhecer a sentença decidida pelo juiz no dia 8 de Setembro e pode ser condenado a prisão perpétua. A defesa anunciou entretanto que tenciona recorrer do veredicto.

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