Fumo negro no Vaticano: data do conclave continua por anunciar

Mais um dia passará sem os católicos saberem quando é que os cardeais se fecham na Capela Sistina para escolher o novo Papa.

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Trabalhadores preparam a Capela Sistina para receber conclave REUTERS/Osservatore Romano

Nesta quinta-feira, por fim, estarão no Vaticano os 115 cardeais eleitores que têm assento no conclave onde o sucessor de Bento XVI será eleito. Mas o vietnamita Jean-Baptiste Pham Minh Man não aterrou em Roma a tempo de permitir que a data de arranque do conclave fosse anunciada.

As Congregações Gerais – encontros que servem para preparar a reunião principal e para assegurar a gestão da Igreja Católica em período de sede vacante – começaram na segunda-feira. Mas quando terminou a quinta Congregação, o arcebispo de Ho Chi Minh ainda voava – e à sua espera, no aeroporto, estavam já alguns padres vietnamitas que trabalham na Rádio Vaticano.

Na quinta Congregação participaram 152 cardeais, incluindo 114 com menos de 80 anos e direito a estar no conclave. Segundo o Vaticano, 16 falaram durante a manhã e o principal tema em debate foi as finanças da Santa Sé, com três cardeais a prestarem explicações aos restantes. As discussões têm sido tantas, e tão acesas, que nos últimos dias foi pedido aos cardeais para não demorarem mais de cinco minutos em cada intervenção, de modo a permitir que todos os que desejam usar da palavra o possam fazer.

Na véspera, o relatório entregue a Ratzinger sobre o conteúdo dos documentos roubados da sua secretária (Vatileaks) voltou a ser discutido. Já se sabia que alguns cardeais tinham pedido para consultar as 300 páginas que resultaram da investigação encomendada pelo Papa emérito, e, aparentemente, lidas apenas por ele. Agora, houve dois cardeais a querer saber que nomes surgem no relatório.

A resposta já chegou e é negativa. Um comunicado interno convida os cardeais a não “avançarem nomes” se não estão “seguros” do que dizem. Arriscar fazê-lo é provocar o aumento do clima de suspeição que ensombra o Vaticano, as Congregações e o conclave que se avizinha.

Na quarta-feira, já tinha havido um pedido de silêncio – foi feito aos cardeais norte-americanos, poucas horas depois de ser conhecida a lista de 12 religiosos que uma associação que representa as vítimas de abusos sexuais cometidos por membros do clero nos Estados Unidos não quer ver eleitos como Papa. Os cardeais acataram o pedido, e os briefings diários que faziam ao fim de cada manhã deixaram de estar no programa.

Entre silêncios e palavras, os andaimes para a chaminé da Capela Sistina poder ser preparada começam a ser montados. Mas ainda não há data para a porta da capela se fechar com 115 cardeais lá dentro.
 

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