Freira de 83 anos condenada por invasão de complexo nuclear militar nos EUA

A irmã Megan Rice sorriu quando a sentença foi lida. Diz que só lamenta ter esperado 70 anos para passar à acção. Pena deve ser conhecida nesta quinta-feira.

Só falta conhecer a pena, porque a condenação é já certa. Uma freira católica de 83 anos e dois outros pacifistas foram condenados por um júri federal dos Estados Unidos, por invasão de instalações militares nucleares, no Tenessee. A irmã Megan Rice, que segundo a Reuters sorriu quando a sentença foi lida, diz que só lamenta ter esperado 70 anos para passar à acção

O Tribunal Federal de Knoxville condenou na quarta-feira Megan Rice, que na altura dos factos tinha 82 anos, Michael Wallis, e Greg Boertje-Obed, por sabotagem, por terem danificado um estabelecimento de defesa nacional – acto punível com pena de até 20 anos de prisão. E também por estragos superiores a mil dólares em propriedade governamental, acção punível com pena de prisão até 20 anos.

Os detidos passaram a noite na prisão. Para esta quinta-feira está prevista uma audiência em que deve ser fixada a pena.

Megan Rice, Michael Wallis, então com 63 anos, e Greg Boertje-Obed, 57, membros do grupo Transform Now Plowshares, admitiram que, em Julho de 2012, cortaram vedações e entraram no Y-12 National Security Complex, em Oak Ridge, no estado do Tenessee, que armazena e processa urânio para bombas nucleares. As instalações foram construídas no âmbito do Projecto Manhattan, que no século XX levou à criação dos primeiras engenhos explosivos atómicos.

Os activistas admitiram, segundo a agência, que cortaram vedações, caminharam na área do complexo durante cerca de duas horas, pintaram slogans, desenhando biberões com sangue humano e que bateram em paredes. Quando foram interceptados por um guarda, ofereceram-lhe comida e começaram a cantar.

A acusação pública disse que a entrada no Y-12 perturbou o funcionamento do complexo, ameaçou a segurança nacional, e causou estragos cuja reparação foi superior a 8500 dólares. “Somos um país com leis. Não se pode fazer lei pelas próprias mãos e impor a nossa forma de ver as coisas aos outros”, disse o procurador adjunto Jeffrey Theodore.

Os advogados de defesa argumentaram que os activistas fizeram uma invasão simbólica e não afectaram o funcionamento da plataforma. E que os danos apresentados foram inflacionados. “O nosso país não foi ameaçado por três pessoas com desconto de reformado”, disse o advogado de Wallis.

O caso fez rolar cabeças, incluindo no topo dos serviços de segurança nacional, e a empresa que garantia a segurança das instalações foi dispensada. 
 
 

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