França recusa asilo a Julian Assange

Fundador da Wikileaks endereçou pedido ao Presidente François Hollande, argumentando que a sua vida corre perigo. O risco foi minimizado pela França, que lembrou ainda que Assange é alvo de um mandado de captura europeu.

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Assange está refugiado na embaixada do Equador há três anos FABRICE COFFRINI/AFP

A França negou um pedido de asilo que foi apresentado pelo fundador da Wikileaks, Julian Assange, numa carta pessoal directamente dirigida ao Presidente François Hollande. “A minha vida está em perigo, e a França é o único país que me pode oferecer a protecção necessária contra as perseguições políticas que enfrento”, alegou o australiano, que está refugiado na embaixada do Equador em Londres há três anos.

O pedido endereçado por Assange ao Presidente francês foi divulgado pela edição electrónica do Le Monde, e levou a um esclarecimento oficial do Palácio do Eliseu. “A França recebeu uma carta de Julian Assange. Uma avaliação cuidada demonstrou que perante os elementos materiais e legais da sua situação, o seu pedido de asilo não poderia ser autorizado”, esclareceram os serviços da presidência.

Ao contrário do que defende Julian Assange, a França não classifica a sua permanência nas instalações da embaixada do Equador em Londres como um risco imediato para a sua segurança. Além disso, lembra o comunicado do Eliseu, Assange é alvo de um mandado de captura europeu: o fundador da Wikileaks refugiou-se na missão diplomática equatoriana precisamente para evitar um pedido de extradição da Suécia, para responder num processo de abusos sexuais.

Na sua carta a François Hollande, Assange lembra que tem um filho de nacionalidade francesa, que não consegue ver há cinco anos, “desde que começou a perseguição política" contra si. A Wikileaks divulgou, em 2010, milhares de telegramas diplomáticos e documentos militares, classificados como secretos, pelo Governo dos Estados Unidos.

Na semana passada, a organização publicou notícias dando conta de um programa continuado de escutas e vigilância electrónica da Agência Nacional de Segurança norte-americana a uma sucessão de presidentes franceses: Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande, que imediatamente pediu explicações ao Presidente Barack Obama.

Em reacção às notícias, a ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, defendeu a concessão de asilo político a Assange – que manifestou o seu agradecimento na carta em que formalizou o pedido, dizendo-se “muito sensibilizado”.
 

  

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