França iniciou bombardeamentos contra o Estado Islâmico no Iraque

Forças francesas juntaram-se aos norte-americanos na ofensiva contra os jihadistas que controlam partes do Iraque e da Síria.

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Caça francês na base aérea de Al-Dhafra, nos Emirados Árabes Unidos ECPAD / Reuters

A Força Aérea francesa lançou nesta sexta-feira os primeiros ataques a posições do Estado Islâmico (EI) no Iraque, tornando-se na primeira força a juntar-se aos Estados Unidos na ofensiva contra o grupo terrorista.

Os caças Rafale franceses conseguiram destruir um “depósito logístico” no Nordeste do Iraque, de acordo com uma nota de imprensa do Eliseu. “Outras operações irão seguir-se nos próximos dias”, lia-se no mesmo documento, que não precisava, contudo, o local das instalações destruídas.

O ataque aconteceu um dia depois de o Presidente, François Hollande, ter anunciado a participação militar francesa na campanha internacional liderada pelos EUA. No entanto, Hollande esclareceu que a França não vai participar em campanhas no terreno e irá cingir a sua intervenção ao Iraque.

A clarificação de Paris surge num momento em que os EUA se preparam para alargar a sua intervenção à vizinha Síria, nomeadamente através do armamento e do treino de rebeldes “moderados” para lutarem contra o EI. O Senado aprovou na quinta-feira uma resolução nesse sentido, apesar das divergências quanto à estratégia a seguir para combater o grupo terrorista.

Para além das diferenças entre democratas — que receiam uma campanha que dure anos — e os Republicanos — que consideram os actuais planos demasiado limitados, há também desacordo no interior da hierarquia militar americana. Esta semana o chefe do Estado Maior, o general Martin Dempsey, veio a público sugerir que as forças dos EUA poderiam realizar operações no terreno, contrariando a posição oficial da Casa Branca. Obama teve de reiterar que não haverá soldados americanos no teatro de operações.

No Exército americano julga-se que uma promessa tão forte limita em demasia as opções estratégicas. “Esforços pouco empenhados, ou apenas ataques aéreos, podem fazer ricochete e até fortalecer a credibilidade dos nossos inimigos”, disse ao Washington Post James Mattis, um general na reserva.

A participação francesa na coligação contra o EI foi bem recebida por Washington. Apesar das restrições sublinhadas por Hollande, o apoio francês é importante para os EUA, uma vez que difere da posição de Paris em relação à intervenção norte-americana no Iraque em 2003, à qual, na altura, se opôs. A rápida resposta de Hollande ao repto lançado por Washington evidencia o papel que tem vindo a ser assumido pela sua presidência em relação aos conflitos internacionais. Em pouco mais de dois anos, a França já participou em campanhas militares no Mali, na República Centro-Africana e, agora, no Iraque.

Depois de terem levado a cabo 176 ataques aéreos no Iraque desde que iniciaram a operação contra o EI, os EUA olham agora com preocupação para a Síria, onde o grupo terrorista tem vindo a ganhar território dia após dia. Em apenas 48 horas, os jihadistas tomaram 24 localidades no Nordeste do país, provocando a fuga de quatro mil curdos sírios para a Turquia.

Desde que começou a avançar no terreno, o EI já conquistou uma área — onde proclamou um califado – superior à do Reino Unido, que se estende entre o Iraque e a Síria.

No Iraque, o EI continua a demonstrar o seu poderio militar. Durante a madrugada de sexta-feira, vários bairros de Bagdad habitados por xiitas foram atacados por bombistas suicidas e disparos de morteiros, causando a morte a pelo menos 17 pessoas, segundo o Washington Post.     

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