Fogo-de-artifício terá causado pânico e morte a milhares de aves no Arkansas

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As aves apareceram mortas na noite da passagem de ano Arkansas Game and Fish Commission/Reuters

A misteriosa “chuva de aves” na noite da passagem do ano em Beebe, no Arkansas, poderá ser explicada pelo pânico que os animais sentiram durante os fogos-de-artifício, de acordo com os resultados preliminares.

Ainda será preciso realizar mais testes, nomeadamente à presença de substâncias tóxicas, mas o laboratório de Veterinária da Arkansas Livestock and Poultry Commission revelou ontem à noite, numa nota, que “as aves sofreram de um trauma físico intenso que levou a hemorragias internas e à morte”. Foram encontrados vários coágulos, acrescentam as autoridades.

Os animais pareciam saudáveis, os pulmões, cérebro, coração, rins, intestinos e músculos apresentavam-se normais e os estômagos estavam vazios, acrescenta a nota. Não foram detectados sinais de doenças infecciosas ou crónicas.

Na noite da passagem de ano, cerca das 23h30 locais, o Departamento da Polícia da pequena cidade de Beebe recebeu várias queixas relativas a aves mortas - tordos-sargentos ou pássaros-pretos-da-asa-vermelha (Agelaius phoeniceus) - que estavam a cair do céu para cima de telhados e quintais. Inicialmente, as autoridades avançaram ter encontrado mil aves mortas mas o mais recente balanço dá conta de cinco mil animais recolhidos.

"Não é claro o que causou este comportamento pouco habitual nas aves. Não obstante foram registados vários episódios de ruído elevado pouco antes das aves começarem a cair do céu. Os tordos-sargentos têm fraca visão nocturna e normalmente não voam à noite", escreve em comunicado a Comissão para a Caça e Pesca no Arkansas (AGFC, sigla em inglês).

Karen Rowe, ornitóloga da AGFC citada pelo "New York Times", acredita que a teoria que prevalece é a de que as aves ficaram assustadas com os fogos-de-artifício da passagem de ano e levantaram voo dos seus locais de repouso de repente, voando a baixa altitude, o que as fez colidir com chaminés, casas e árvores. "Foi uma combinação de factores, na sequência temporal certa para conduzir a este resultado", comentou.

Além da Arkansas Livestock and Poultry Commission também um laboratório no Wisconsin está a fazer análises às aves.

Perfil do tordo-sargento (Agelaius phoeniceus)

O tordo-sargento é um passeriforme que ocorre na maior parte da América do Norte e em parte da América Central. Reproduz-se do Alasca ao Golfo do México, México e Guatemala, com populações isoladas nas Honduras e Costa Rica.

A ave alimenta-se de sementes e insectos, caçando-os em pleno voo ou em plantas. No Inverno, esta espécie abandona as zonas húmidas e dirige-se aos campos agrícolas para se alimentar.

Tem estatuto de Pouco Preocupante na lista da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). "Apesar de a tendência populacional parecer estar a diminuir, o declínio não será suficientemente rápido para se aproximar da classificação Vulnerável", informa a UICN.

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