Fidel morreu? Ainda não, diz Havana

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Estudantes cubanos com um retrato de Fidel no passado mês de Setembro Alexandre Meneghini /Reuters

Um ano depois da última aparição do histórico líder cubano, os rumores sobre a morte de Fidel Castro circularam a grande velocidade pelas redes sociais na manhã desta sexta-feira.

A culpa foi de uma notícia do jornal Diario Las Americas, de Miami (EUA), que dava conta da convocatória por parte do regime cubano de uma conferência de imprensa para os jornalistas dos meios de comunicação social estrangeiros, para a tarde de sexta-feira, em Havana. O título da notícia: “Tensão e confusão por causa de rumores sobre a morte de Fidel Castro.”

Foi o que bastou para juntar as especulações sobre a morte de Fidel aos artigos já preparados para assinalar o primeiro aniversário do “desaparecimento” do líder cubano.

Mas a meio do dia Cuba negou a convocatória da conferência de imprensa. “É falso”, disse um responsável do Centro de Imprensa Internacional (CPI), o departamento do Ministério dos Negócios Estrangeiros que lida com os media estrangeiros. “Anunciamos sempre da mesma maneira as conferências de imprensa, enviando um email aos meios de comunicação social, e agora não mandámos nada”, acrescentou o responsável do CPI, citado pela agência AFP.

Na quarta-feira cumpriu-se um ano desde a última aparição pública de Fidel. Foi a 8 de Janeiro de 2014 que o líder cubano se apresentou na inauguração da galeria do artista Alexis Leyva “Kcho” – um velho amigo seu – na capital cubana.

Depois disso só deu “prova de vida” através de fotografias ao lado de dignatários estrangeiros que o visitaram na sua casa de Havana (o venezuelano Nicolás Maduro foi o último, em Agosto) e através de textos publicados no órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, o Granma (o último artigo foi publicado em Outubro).

Retirado da liderança de Cuba desde Julho de 2006, depois de ter passado as rédeas da revolução ao seu irmão Raul Castro, Fidel não fez qualquer comentário sobre o anúncio histórico da reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba, dia 17 de Dezembro, nem se deixou ver ou se manifestou aquando da chegada triunfal a Havana dos três agentes – considerados heróis em Cuba – libertados por Washington como parte dos acordos destinados a pôr fim a meio século de relações cortadas entre os dois países.

Com 88 anos, o que é certo é que a saúde de Fidel está extremamente debilitada. Ninguém o nega no interior das fileiras do regime, mas na quarta-feira, dia em se celebrou o 56.º aniversário da sua entrada triunfal na capital cubana, alguns responsáveis militares trataram de desvalorizar o silêncio do líder da revolução cubana sobre os últimos acontecimentos históricos.  

Para o tenente-coronel Hugo Pérez Silva, que esteve ao lado de Fidel na chegada a Havana, o líder cubano “está à espera do seu momento para se pronunciar, porque ele é um grande profeta que espera pelo momento oportuno para dizer alguma coisa”, disse citado pela agência EFE. 

Um outro combatente da revolução, o tenente-coronel José Manuel Ledo, disse também à EFE que o silêncio de Fidel se explica porque ele, como líder “não só de Cuba, mas do mundo”, tem de pensar muito bem no que vai dizer e “estudar a situação ponto por ponto”.

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