Tragédia no ferry que se incendiou no Adriático: “Vamos todos morrer como ratos”

A embarcação transportava 411 passageiros e 55 membros da tripulação. Há um morto confirmado.

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Imagens do incêndio no ferry, captadas pela televisão grega Skai TV REUTERS/Skai TV via Reuters TV
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O "Norman Atlantic" numa fotografia de Setembro deste ano REUTERS/Paolo Gangemi/Handout

Um incêndio que deflagrou este domingo a bordo do ferry italiano "Norman Atlantic" ao largo da Grécia, levou ao lançamento de uma épica operação de socorro para resgatar as 466 pessoas a bordo que deveria continuar pela noite dentro deste domingo. À deriva e em chamas, a embarcação enfrentou ao longo de todo dia ventos fortes e uma intensa agitação marítima que tornou tudo mais difícil e dramático. .

O ferry "Norman Atlantic", que saiu do porto grego de Patras às 5h30 (3h30 em Lisboa) em direcção ao porto italiano de Ancona, enviou um pedido de socorro quando se encontrava a 33 milhas náuticas da pequena ilha grega de Othonoi, de acordo com a AFP. Segundo o Corriere della Sera, perto das 20h00 de Lisboa tinham sido resgatadas apenas 172 pessoas. Vários jornais italianos dão conta de um morto confirmado e de dois feridos.

Alguns passageiros relataram a estações de televisão gregas, via telefone, a situação vivida a bordo da embarcação, descrevendo-a como desorganizada, caótica e desesperada: “Tentaram fazer descer alguns barcos (de salvamento) mas nem todos conseguimos entrar. Não havia coordenação”, afirmou um dos passageiros. “Está escuro e o fundo do barco está a arder. Conseguimos ver um barco a aproximar-se…abrimos algumas caixas e vestimos os coletes salva-vidas, estamos a tentar salvar-nos”.

O ferry "Norman Atlantic", operado pela companhia grega Anek, transportava 222 veículos, 411 passageiros e 55 membros da tripulação. Encontrava-se a 44 milhas náuticas a noroeste da ilha grega de Corfu quando enviou um pedido de ajuda depois de um incêndio ter deflagrado na parte inferior da embarcação, na zona reservada ao transporte de veículos.

Como passar das horas, barco foi sendo lentamente evacuado com o recurso a helicópteros da marinha italiana e grega que estão a transferir os resgatados para vários barcos que se encontram na zona.  “A visibilidade é má e as condições atmosféricas são difíceis, mas estamos confiantes porque há um bom número de barcos na zona”, disse o ministro grego da Marinha Mercante, Miltiadis Varvitsiotis, citado pela BBC.

Ao final do dia, a embarcação ainda em chamas deixou de estar à deriva e começou finalmente a ser estabilizada por um rebocador. Do ferry continuavam a chegar relatos de desespero: quem estava abrigado no interior da embarcação dava conta de um calor infernal, do fumo intenso e das solas dos sapatos que pareciam querer derreter por causa das chamas que alastravam no andar de baixo. Quem estava no deck exterior enfrentava um frio cortante que horas antes já tinha deixado três crianças em hipotermia.

Nikos Papatheodosiou, um passageiro grego que falou por telefone a uma televisão de Atenas, resumiu o desespero que se está a viver a bordo do "Norman Atlantic"; “Estamos a arder e estamos a afundar e ninguém está em vias de nos salvar. Por favor não nos deixem sozinhos.” Com a noite já instalada, as equipas de socorro enfrentavam dificuldades acrescidas nas operações de resgate.

Um dos cozinheiros do ferry telefonou à mulher em desespero, segundo contou esta à BBC: “Não consigo respirar, vamos todos morrer como ratos. Deus nos ajude.”

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