Família Mandela dividida sobre local do enterro do ex-Presidente

Anciãos vão visitar ex-Presidente ao hospital. Maioria da família quer que o funeral seja na aldeia onde Mandela cresceu, neto quer enterrá-lo na aldeia onde nasceu.

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O estado de Nelson Mandela, de 94 anos, internado num hospital em Pretória devido a complicações de uma infecção pulmonar, continua crítico. E, segundo dizem os jornais sul-africanos, a família não se entende sobre onde enterrar o ícone da luta contra o apartheid, quando chegar a sua hora.

Uma delegação de anciãos do clã Tembu, de Mandela, deve visitá-lo no hospital de Pretória onde está internado há 18 dias, adianta a BBC. Estará nas suas mãos tomar uma decisão sobre as cerimónias fúnebres do ex-Presidente da África do Sul, adianta o jornal Times de Joanesburgo, depois de a família não ter conseguido chegar a acordo, numa reunião intempestiva na terça-feira, realizada em Qunu, a aldeia onde Mandela cresceu e para onde se retirou, em 2012.

A África do Sul prepara-se para que a morte de Nelson Mandela aconteça a qualquer momento. Há um verdadeiro exército de jornalistas em volta do Mediclinic Heart Hospital, em Pretória. Mas também uma multidão de cidadãos anónimos que ergueram um memorial a "Madiba" – o nome de clã de Mandela – trazendo-lhe flores, bonecos, velas, cartazes, fotografias, bandeiras, balões.

O estado de saúde de Mandela agravou-se no domingo. Segundo a CBS News, “não responde a estímulos e não abre os olhos há vários dias”. As infecções respiratórias de que sofre repetidamente estarão relacionadas com a tuberculose que contraiu durante os 27 anos que esteve preso, enquanto vigorava o regime racista do apartheid. Bantu Holomisa, amigo do ex-Presidente e líder do Movimento de União Democrática, negou que a reunião em Qunu fosse para discutir onde enterrar Mandela – segundo o jornal Mail & Guardian, afirmou que se destinava a falar sobre a logística em torno do seu estado.

Os media sul-africanos, no entanto, estão cheios de relatos de uma reunião de família conflituosa, em que as atenções estiveram focadas sobre a decisão tomada em 2011 por Mandla Mandela, neto do ex-Presidente, de mudar as sepulturas de três filhos de Nelson Mandela – Makgatho, Thembekile e Makaziwe – de Qunu para Mvezo, a aldeia onde nasceu Mandela. Nelson Mandela nasceu ali, mas a família mudou-se para Qunu quando ele era pequeno, depois de o seu pai ter sido deposto como chefe de Mvezo.

A maioria dos familiares de Nelson Mandela quer que as sepulturas dos três filhos já falecidos do ex-Presidente regressem a Qunu e que o ex-Presidente seja lá sepultado. Mandla Mandela, que fez a mudança das campas sem consultar o resto da família, ficou furioso com esta exigência, diz o Times de Joanesburgo.

Fora desta reunião de família ficaram a ex-mulher de Mandela Winnie Madikizela e a filha Zindzi Mandela-Motlhajwa, que visitaram o ex-Presidente no hospital.
 
 

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