Falta o 11.º ano na escola que perdeu centenas de alunos no naufrágio do ferry

Estudantes que sobreviveram à tragédia ainda estão a receber apoio psicológico.

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Velas acesas pelas vítimas do naufrágio do ferry sul-coreano Kim Hong-Ji/Reuters

A Escola de Danwon, em Asan, no Sul de Seul, na Coreia do Sul, reabriu esta quinta-feira as portas aos estudantes, ainda a chorar a morte dos seus colegas e amigos que não sobreviveram ao naufrágio do ferry na manhã do passado dia 16. O barco dirigia-se à ilha turística de Jeju. Dos 476 passageiros, mais de 300 eram alunos do 11.º ano daquela escola.

Os últimos dados oficiais, desta sexta-feira, apontam para 185 mortes confirmadas e 117 pessoas ainda desaparecidas. Apenas 75 estudantes conseguiram sobreviver. No total, foram resgatados 174 passageiros.

Durante a semana passada, foi instalado um memorial no ginásio da Escola de Danwon, em que amigos e familiares prestaram as suas últimas homenagens às vítimas do naufrágio. A escola ficou repleta de flores, de mensagens acumuladas fora dos portões e sucederam-se cerimónias fúnebres nas salas de aula. A escola foi visitada por mais de 12 mil pessoas esta quarta-feira, no dia da sua abertura ao público. Um dia depois, milhares de pessoas deslocaram-se a Danwon para prestar uma última homenagem aos alunos mortos.

Os jovens inscritos no 12.º ano voltaram às aulas acompanhados por dezenas de psicólogos e conselheiros com a missão de os ajudar a ultrapassarem o trauma que estão a sentir.

Os restantes anos de escolaridade vão retomar as aulas apenas na próxima segunda-feira, disse a autoridade educativa da província de Gyeonggi, que inclui a cidade de Ansan. Mas ainda não foi decidido quando voltam os alunos do 11.º ano, que fizeram a trágica viagem escolar para a ilha turística de Jeju. A maioria dos estudantes que sobreviveu ao desastre continua a recuperar no hospital.

Donos do ferry investigados
As causas que levaram ao naufrágio do ferry continuam sob investigação, com o Governo, liderado pelo primeiro-ministro, Jung Hong-won, a sofrer uma forte pressão por parte da opinião pública para esclarecer o que realmente aconteceu. As autoridades sul-coreanas, depois de já terem acusado 20 dos 22 membros da tripulação (sete membros da tripulação morreram no naufrágio), por negligência e incapacidade de garantir a segurança dos passageiros, viram-se agora para a empresa que detinha o ferry, a Companhia Marítima Chonghaejin, e as suas organizações afiliadas. No início da semana, um elemento da oposição divulgou um documento revelando que o ferry levava três vezes mais carga do que a recomendada.

Um dos maiores escritórios de advocacia da Coreia do Sul, Kim & Chang, foi contratado pela Companhia Marítima Chonghaejin para a ajudar neste caso. Os proprietários e donos da empresa – quase todos pertencem à mesma família  –  ainda não foram indiciados, mas estão proibidos de deixar o país, disse Chung Byung-suk, advogado da Kim & Chang, à Reuters, a partir de Seul.

O advogado disse ainda que a família, que detém uma grande participação na Chonghaejin, vai assumir todas as responsabilidades jurídicas sobre o desastre, mas nega qualquer tipo de responsabilização pelas causas do “trágico incidente”.

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