Falência de Detroit cria receio de venda de obras de arte para pagar dívidas

Entre as obras mais valiosas estão um Tintoretto e um Matisse.

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A falência da cidade de Detroit pode deixar à mercê dos credores, e de eventuais compradores, um dos seus bens mais valiosos: colecções de arte avaliada em milhares de milhões de dólares, noticiou o jornal Washington Post.

Sem uma lei que proíba a venda da colecção do Detroit Institute of Arts Museum (DIA) não é claro se a cidade as pode proteger.

Uma avaliação do jornal Detroit Free Press indica que o grosso das colecções possa valer 2,5 mil milhões de dólares (mais de 1,9 mil milhões de euros), ainda que o valor seja difícil de apurar. O DIA tem mais de 60 mil obras de vários séculos, 90 % das quais armazenadas, segundo o Post.

Entre as obras mais valiosas estão um Tintoretto, Os sonhos dos homens, do século XVI, avaliado em cem milhões de dólares (mais de 76 milhões de euros), e um Matisse, A Janela, avaliado em 150 milhões (perto de 115 milhões de euros).

Em Maio, Kevyn Orr,  gestor externo nomeado para negociar uma solução para os problemas financeiros de Detroit, pediu um inventário das colecções do DIA, o que lançou no meio cultural uma preocupação com a possibilidade de venda. O museu contratou advogados para o aconselharem na protecção do seu acervo.

No mês seguinte, o procurador geral do Estado do Michigan, Bill Schuette, declarou que as colecções de arte não podem ser vendidas para pagar dívidas cujo valor varia, segundo as estimativas, “entre os 18 mil milhões e os 20 mil milhões de dólares", entre 13,7 mil milhões a 15,2 mil milhões de euros, segundo o câmbio actual. 

O senado do Estado aprovou recentemente uma projecto que proíbe a venda da arte da cidade, a menos que o comprador seja uma instituição com fins comparáveis aos do DIA. Mas o projecto ainda não se tornou lei.

“Estou obviamente preocupado”, disse Ford Bell, presidente da American Alliance of Museums, uma rede de apoio a instituições museológicas que é contra a venda da colecção permanente. “Não sou advogado, não sei o que pode acontecer. Isto nunca aconteceu antes.”

“Mantemos a posição de que o Detroit Institute of Arts e a cidade de Detroit conservam a colecção, no interesse do público, e de que está a nosso cargo a preservação e a protecção da herança cultural de todos os residentes no Michigan”, informa o museu, num comunicado.

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