Expulsão de Julius Malema do ANC causa distúrbios na África do Sul

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Expulsão "não é o fim do caminho", defendeu Malema Siphiwe Sibeko/Reuters

Julius Malema prometeu “morrer” pelas suas convicções, um dia depois de ter sido expulso do Congresso Nacional Africano (ANC) pelo comité disciplinar do partido que está há 18 anos à frente dos destinos da África do Sul. Na sua terra natal houve confrontos entre os que apoiam e os que rejeitam a expulsão.

Malema, de 30 anos, já tinha sido suspenso do ANC durante cinco anos, acusado de atentar contra a imagem e unidade da formação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma. Apresentou recurso, mas nesta quinta-feira a comissão disciplinar do partido decretou a sua expulsão e pouco depois de ter sido anunciada esta decisão houve distúrbios entre apoiantes e opositores na sua cidade natal, Polokwane. O antigo líder da juventude do ANC garantiu em declarações à rádio estatal que a sua expulsão “não é o fim do caminho”.

Muitas vezes polémico, autor de declarações incendiárias contra os fazendeiros brancos e de fortes críticas para com o Presidente sul-africano e líder do ANC Jacob Zuma, Malema tem ainda 14 dias para apresentar recurso contra a decisão da comissão disciplinar. Esperou para conhecer o veredicto na casa da sua avó em Polokwane, no NOrte do país, onde juntou alguns apoiantes, uma repórter da rádio estatal SABC relatou que se ouviram tiros e a polícia montou uma barricada para separar os que se manifestaram contra e a favor da decisão.

Malema defende que foi perseguido por defender a nacionalização das minas, contra aquela que é a posição do partido, mas as suas críticas e as posições que defendeu – chegou a fazer apelos a uma mudança de regime no Botswana – desagradaram a vários líderes do partido. O antigo líder da juventude do ANC foi também acusado de racismo e intolerância política depois de ter cantado por várias vezes em público uma canção cujo refrão é “morte ao boer”, numa alusão aos fazendeiros brancos.

A comissão disciplinar do ANC acabou por considerá-lo culpado por fomentar divisões. Após alguns distúrbios, a calma regressou ao início da manhã, confirmou à AFP um porta-voz da polícia, Hangwani Mulaudzi. Os apoiantes de Malema chegaram a bloquear ruas, mas não houve notícia de feridos.

A expulsão do antigo líder da juventude do ANC poderá facilitar o caminho a Zuma, que foi eleito Presidente em 2009 e deverá disputar um segundo mandato no próximo ano. O ANC está no poder há 18 anos, desde o fim do regime de segregação racial na África do Sul.

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