Ex-Presidente paquistanês acusado de traição

Musharraf diz-se inocente e alvo de acusações políticas. Nunca um ex-chefe do Exército enfrentou esta acusação no Paquistão.

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Musharraf voltou ao Paquistão em 2013 Aamir Qureshi/AFP

O antigo dirigente paquistanês Pervez Musharraf foi formalmente acusado esta segunda-feira de “alta traição” por um tribunal especial criado pelo seu grande rival, o primeiro-ministro, Nawaz Sharif.

É a primeira vez que um ex-chefe do Exército é acusado de traição no Paquistão. Musharraf, general, de 70 anos, é acusado de ter imposto o estado de emergência e suspendido ilegalmente a Constituição, em 2007.

Depois de ouvir as acusações, lidas pelo juiz Tahira Safdar, Musharraf declarou-se inocente e quis dirigir-se ao tribunal para lembrar os seus anos ao serviço do Exército e do país. “Tratam-me como traidor, a mim que fui chefe do Exército durante nove anos, que servi no seio do Exército durante 45 anos e que combati em duas guerras. É isso a traição”, disse, citado pela AFP, que está a acompanhar a audiência em Islamabad.

Após alguns anos a viver no estrangeiro, Musharraf regressou ao Paquistão em 2013 com o objectivo de voltar à política. Em vez disso, tem sido alvo de uma série de acusações judiciais.

O ano passado foi acusado do homicídio de Benazir Bhutto, a antiga primeira-ministra, morta em Dezembro de 2007 durante um ataque à saída de um comício. O ataque foi atribuído aos taliban.

O Governo de Musharraf foi muito criticado na altura por não ter alegadamente ordenado meios de segurança suficientes para a protecção de Bhutto. Em 2000, um inquérito da ONU conclui que o atentado “poderia ter sido evitado se tivessem sido tomadas medidas de segurança adequadas”.

Musharraf, que chegou ao poder num golpe, em 1999, foi chefe de Estado até 2008. Diz-se inocente e defende que todas as acusações que enfrenta têm motivações políticas – o ex-Presidente é uma figura odiada pelo sistema judicial por ter colocado vários juízes de topo em prisão domiciliária quando impôs o estado de emergência. Pode ser condenado à morte se for considerado culpado.

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