Ex-Presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi morre aos 95 anos

Considerado um dos "pais" do euro e da própria Itália, que liderou nos tempos da grande crise das ligações entre máfia e política que fez implodir o sistema partidário.

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Carlo Azeglio Ciampi em 2004, quando era Presidente da República Eesti Paevaleht/AFP

Foi o décimo Presidente da República de Itália (1999-2006), governador do Banco de Itália (1979-1993), chefe do Governo (1993-94) e ministro do Tesouro e do Orçamento. Ao anunciar a morte de Carlo Azeglio Ciampi, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, homenageou um homem que trabalhou “intensamente” pelo país e o serviu “com paixão”.

“Um pensamento em reconhecimento ao homem das instituições que serviu a Itália com paixão”, escreveu Renzi no Twitter. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paolo Gentiloni, saudou, por seu turno, “um grande homem de Estado italiano”.

Carlo Azeglio Ciampi nasceu em Livorno, a 9 de Dezembro de 1920. Foi presidente do Conselho e chefe de Estado. Ocupou os dois principais cargos da política italiana, mas é mais lembrado fora do país pelo seu desempenho enquanto ministro do Tesouro: foi Ciampi que conseguiu convencer os parceiros europeus a deixar Roma juntar-se ao projecto da moeda única, apesar das dívidas acumuladas e das dúvidas sobre a saúde financeira italiana.

“Um dos nossos pais deixou-nos. Se a Itália (ainda) é um grande país então temos uma enorme gratidão para com Ciampi”, comentou o ex-primeiro-ministro Enrico Letta.

Ciampi, que estava doente há algum tempo e hospitalizado há semanas numa clínica de Roma, será lembrado pelos italianos pela sua liderança nos difíceis tempos dos escândalos de corrupção dos anos 1990, os processos judiciais sobre as ligações entre a máfia e a política que levaram à implosão do sistema partidário italiano (abrindo portas à era de Silvio Berlusconi, que chegou ao poder em 1994).

O economista e banqueiro que chegou tarde à política – com 72 anos –, liderando um governo de transição durante um ano, não pertencia a nenhuma família política. Dizia-se democrata-cristão mas integrou um governo de centro-esquerda.

Reservado, foi eleito em triunfo para a chefia de Estado e nos sete anos no cargo criticou inúmeras vezes Berlusconi a propósito do seu controlo sobre os media, os seus problemas com a justiça, as suas opiniões e políticas sobre imigração ou Europa. Recusou um segundo mandato na presidência.

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