Ex-Presidente alemão vai ser julgado por uma conta de hotel de 800 euros
Tribunal de Hanôver deixou cair as acusações mais pesadas, como corrupção passiva.
O mais jovem Presidente de sempre da Alemanha, e aquele que menos tempo esteve no cargo, vai ter de responder em tribunal por ter aceitado uma estadia de hotel paga por um empresário, a quem depois ajudou. Christian Wulff (CDU), 54 anos, enfrentava um inquérito por alegada corrupção, mas durante a investigação o tribunal deixou cair as acusações mais graves.
Wulff foi eleito em Junho de 2010 e demitiu-se a 17 de Fevereiro de 2012, depois de a Justiça ter confirmado o levantamento da imunidade presidencial. Estava sob suspeita de ter praticado diversos crimes de corrupção, incluindo corrupção passiva, na época em que tinha sido governador do estado-federado da Baixa-Saxónia (2003-2010).
Em causa estava o facto de ter aceitado em 2008 um empréstimo de 500 mil euros, financiado pela mulher de um empresário e com juros abaixo dos praticados no mercado bancário, para comprar casa. O caso foi revelado pelo jornal de maior circulação na Alemanha, o tablóide Bild, cujo director revelaria nessa altura ter sido pressionado por Wulff para abafar a história.
O comportamento deste político, considerado um conservador moderno, aguçou o apetite dos investigadores e dos media, que colocaram Wulff debaixo de lupa. E acabaram por revelar outros casos em que teria havido ligações pouco claras a empresários, aceitando dinheiro em troca de favores.
As acusações mais graves acabaram por cair durante o inquérito, mantendo-se a que diz respeito ao pagamento da estadia de Wulff num luxuoso hotel de Munique, durante a célebre Oktoberfest, em 2008. Quem pagou essa estadia, ou pelo menos uma parte, foi um produtor de cinema, David Groenewold, a quem depois Wulff teria ajudado a angariar apoios financeiros. Groenewold pagou, segundo a acusação validada pelo tribunal de Hanôver, que irá julgar o caso, menos de 800 euros pela estadia de Wulff.
A justiça alemã, conta a edição online da revista Spiegel, não poupou esforços na investigação: quatro procuradores, 24 investigadores da polícia, 20 mil páginas no processo e mais de 100 testemunhas foram ouvidas.
Uma vez que a quantia em causa, menos de 800 euros, era pequena, a acusação ainda propôs um acordo extrajudicial a Wulff e a Groenewold (que também será julgado): o caso seria arquivado em troca de uma multa de 65 mil euros. Porém, ambos rejeitaram.
O julgamento deve começar a 1 de Novembro deste ano, com duas sessões semanais.