Tentativa de mediação e possível localização das alunas raptadas na Nigéria

Responsável militar anunciou que o Exército já sabe onde as cerca de 200 raparigas poderão estar.

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Campanha pelo resgate das meninas mobilizou milhares de pessoas REUTERS/Afolabi Sotunde

O ex-Presidente nigeriano Olusegun Obasanjo encontrou-se com intermediários do Boko Haram para tentar negociar a libertação das cerca de 200 raparigas, alunas de liceu, que foram raptadas em meados de Abril por aquele grupo islamista.

Uma fonte próxima das negociações confirmou à AFP que o encontro aconteceu no fim-de-semana na quinta de Obasanjo no estado de Ogun (Sul). “O objectivo do encontro foi negociar a libertação das raparigas”, disse. O encontro foi confirmado pelo advogado Mustapha Zanna, próximo do ex-Presidente, que não deu qualquer informação sobre o conteúdo das discussões.

Olusegun Obasanjo, chefe de Estado de 1999 a 2007, era próximo do seu sucessor, Goodluck Jonathan, mas tem vindo a afastar-se do actual Presidente, criticando duramente a sua gestão do país e o fracasso em conter a insurreição islamista do Boko Haram no Nordeste do país.

O Presidente Jonathan excluiu recentemente qualquer troca de prisoneiros (alunas em troca de islamistas que estão nas prisões do Estado) com o Boko Haram, uma exigência do chefe do grupo, Abubakar Shekau.

Na segunda-feira à noite, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas nigerianas, marechal Alex Badeh, anunciou que o grupo de 223 raparigas raptadas tinha sido localizado. “As boas notícias é que sabemos onde as raparigas estão, mas não vos podemos dizer mais nada”, disse Badeh aos jornalistas no quartel-general da Defesa, em Abuja.

Este anúncio e a reunião de Obasanjo são os dois primeiros sinais de progresso num drama que provocou uma onda de indignação internacional e críticas à forma como o Presidente e o Exército geriram a situação, tardando em agir e em pedir ajuda internacional.

Os Estados Unidos, a França, o Reino Unido e também Israel enviaram peritos militares para ajudar a Nigéria, e as buscas ganharam um novo ritmo. Cerca de 80 militares norte-americanos foram destacados para o Chade, onde realizaram “operações de recolha de informação, de vigilância e voos de reconhecimento sobre o Norte da Nigéria e regiões vizinhas”, segundo anunciou o Presidente Barack Obama.

As declarações do marechal Alex Badeh sobre o paradeiro das raparigas foram feitas depois de este se ter dirigido a um grupo de manifestantes que se juntou em frente do quartel-general da Defesa para exigir progressos na buscas. Os protestos têm sido quase diários.

Sem dar detalhes sobre a localização das jovens raptadas, Badeh qualificou a informação como “segredo militar”. “Estamos a trabalhar, vamos trazer as raparigas de volta”, disse o marechal. “Ninguém nos pode vir dizer que o Exército nigeriano não sabe o que está a fazer. Nós sabemos o que estamos a fazer. Só não podemos lançar-nos numa ofensiva, correndo o risco de matar as nossas raparigas em vez de as libertar”, continuou o responsável militar. “Estamos a trabalhar. O Presidente apoia-nos e deu-nos o poder para fazermos o nosso trabalho.”

A Nigéria e os países vizinhos (Chade, Camarões, Níger e Benin) aprovaram no dia 17 de Maio, em Paris, com o apoio das potências ocidentais, um plano de “guerra” contra o Boko Haram, qualificado como “seita terrorista” e “ameaça maior” para a região. E o Conselho de Segurança da ONU colocou o grupo islamista na lista negra de organizações terroristas sujeitas a sanções devido às suas ligações com a Al-Qaeda.

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