Ex-campeão mundial de boxe assassinado na Venezuela

Morte de "El Coloso" acontece numa altura em que a Venezuela vive uma onda de protestos que começaram por reivindicações de segurança e se alargaram a questões económicas e políticas. Nas últimas três semanas foram mortas pelo menos 14 pessoas.

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O antigo campeão estava retirado desde 2006 dr

Popular na Venezuela e no mundo do boxe, Antonio Cermeño, "El Coloso", que tinha sido raptado no início da semana, foi encontrado morto numa auto-estrada. É o mais recente caso de figuras públicas vitimadas pela elevada criminalidade de um país que, há três semanas, vive uma onda de protestos contra o Governo

"El Coloso", de 44 anos, campeão mundial de boxe em categorias de pesos leves, nos anos 1990, foi encontrado na terça-feira, com sinais de balas no corpo, num matagal junto a uma auto-estrada junto à localidade de Caucágua, no estado de Miranda.

O antigo campeão foi raptado na tarde de segunda-feira em Caracas, com três mulheres identificadas como familiares, entre elas a esposa. Mais tarde só ele ficou nas mãos dos raptores. A forma como as mulheres escaparam tem diferentes versões: numas foram abandonadas, noutras fugiram quando o carro em que seguiam parou para se reabastecer numa garagem. Segundo a imprensa venezuelana, não foi pedido resgate.

O antigo campeão estava retirado desde 2006. Com o objectivo de promover o pugilismo na Venezuela, criou, em 2003, a Fundação Kantarón, que adoptou como slogan: “Um knockout às drogas”, recorda o jornal El Nacional.

A morte de "El Coloso" ocorre depois de, em Janeiro, homens armados terem morto Mónica Spear, popular actriz, Miss Venezuela em 2004, e o marido, um britânico, num assalto nocturno, numa estrada do Centro do país. Ocorre numa altura em que a Venezuela vive uma onda de protestos antigovernamentais que, nas últimas três semanas, causaram a morte de pelo menos 14 pessoas e ferimentos em cerca de 140.

A contestação começou no início de Fevereiro, quando estudantes do ensino superior dos estados de Tachira e de Mérida saíram à rua reclamando mais segurança. A adesão de outros grupos sociais e da oposição alargaram-nos às questões económicas – com incidência na escassez de produtos essenciais – e políticas, e a diferentes regiões do país, incluindo Caracas. Também a repressão policial entrou na agenda da contestação.

As manifestações, em que têm participado dezenas de milhares de pessoas, tornaram-se violentas depois da prisão de líderes da contestação, que alastrou a Caracas. O Governo, que é acusado de reprimir os manifestantes, mobilizou também os seus apoiantes para acções de rua.

Pressionado pelas manifestações de rua, pelo modo como têm sido geridas e pelas críticas à sua governação, o Presidente, Nicolás Maduro, convocou esta quarta-feira uma conferência “para a paz”.

 

 

 

 

 

 

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