A Europa devia dar um plano C a Tsipras

O líder do Syriza admite um congresso extraordinário para testar a sua maioria

Esta quarta-feira faz precisamente um mês que a bolsa em Atenas fechou a porta. Já não estamos a viver dias de pânico, mas o futuro próximo continua a ser um grande ponto de interrogação. À incerteza na frente económica junta-se agora a incerteza política, com Alexis Tsipras a admitir um cenário de umas eleições antecipadas. Tudo o que os gregos não precisam. O primeiro-ministro já alertou para a possibilidade de um congresso extraordinário do partido no início de Setembro, onde deverá testar a unidade dos 200 que fazem parte do comité central do Syriza.

A “dissidência” e o desvio da linha oficial por parte de figuras de peso como as dos anteriores ministros Panagiotis Lafazanis (da Energia) e Yanis Varoufakis (das Finanças) ameaçam provocar uma grande fractura no partido. Estes dois ex-ministros são, curiosamente, os responsáveis pelos rocambolescos "planos B", que esta semana foram conhecidos, e que passavam por coisas tão absurdas como prender o governador do Banco Central e roubar os dados dos contribuintes para criar um sistema de pagamento alternativo, que funcionasse como uma espécie de ponte para o regresso ao dracma.

São “planos B” que mostram até onde está disposta a ir a linha dura do Syriza. E Alexis Tsipras chegará a esse congresso politicamente fragilizado por estar a colocar no terreno medidas de austeridade com as quais o próprio já disse não concordar. Para evitar estas derivas radicais e evitar que a troika cometa com Tsipras o mesmo erro que cometeu com Antonis Samaras, ou seja, que lhe tire o tapete por puro fanatismo financeiro, a Europa deveria dar a Tsipras um “plano C” para se apresentar a esse congresso. E que “plano C” seria esse? Uma reestruturação que cortasse substancialmente o serviço de dívida do país e que permitisse aos gregos vislumbrar algo para lá do grande ponto de interrogação que lhes foi colocado à frente.

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