EUA podem ter embaixada em Havana já em Abril

Diplomata cubana diz que relações podem ser restabelecidas mesmo antes de Washington retirar o seu país da lista dos que apoiam o terrorismo.

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Para Obama, os efeitos da abertura já estão a fazer-se sentir em Cuba Alexandre Meneghini/REUTERS

Os Estados Unidos poderão abrir uma embaixada em Havana antes de 10 de Abril, quando se inicia a Cimeira das Américas, no Panamá. É essa a esperança do Presidente, Barack Obama.

 “A minha esperança é que estejamos em condições de abrir uma embaixada, e que parte do trabalho inicial de base esteja feito”, disse Obama numa entrevista à Reuters. Mas isso não significa que as relações sejam “completamente normais”, porque, após uma ruptura de meio século, “há muito trabalho a fazer”.

Na sequência de 18 meses de contactos secretos, a 17 de Dezembro de 2014 os EUA e Cuba anunciaram a intenção de restabelecer relações diplomáticas, cortadas em 1961. Desde então realizaram-se duas rondas de contactos com o objectivo de conseguir uma “normalização” das relações.

A última foi na sexta-feira passada, e a chefe do departamento de assuntos dos EUA no Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Josefina Vidal, disse que o Governo de Havana está disposto a restabelecer relações diplomáticas logo que Washington manifeste a intenção de retirar Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo. Foi a primeira vez que Cuba reconheceu publicamente estar disposta a reatar relações diplomáticas ainda antes de ser retirada da lista, sublinha a Reuters.

“Se dentro de algumas semanas recebermos uma notificação satisfatória sobre o assunto da retirada de Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo, penso que estaremos prontos para começar a discutir sobre como formalizar o restabelecimento de relações”, disse Josefina Vidal numa entrevista publicada por Cubadebate, um site próximo do Governo cubano.

O Departamento de Estado norte-americano está a terminar uma avaliação sobre se Cuba deve ou não continuar nesta lista, juntamente com o Irão, o Sudão e a Síria. A ilha dos Castro entrou lá em 1982, por apoiar guerrilhas antiocidentais durante a Guerra Fria. Mas agora está a usar a sua influência juntou do grupo guerrilheiro colombiano FARC para realizar conversações de paz.

“Este é um processo à parte. Não é uma negociação, é uma avaliação rigorosa, feita ao abrigo de um mandato do Congresso”, frisou o secretário de Estado, John Kerry. E, uma vez terminada, tem de ser submetida ao Congresso e tem um período de 45 dias para entrar em vigor – o que faz com dificilmente possa entrar em vigor antes da Cimeira das Américas, que se vai realizar nos dias 10 e 11 de Abril.

Washington e Havana estão apostados no sucesso – e no alto valor histórico – desta Cimeira das Américas. Daí a disponibilidade manifestada por Cuba em restabelecer relações diplomáticas normais ainda antes da cimeira, onde tanto Obama como o Presidente cubano, Raúl Castro, deverão estar presentes.

 Ambos os países têm actualmente diplomatas nas respectivas capitais, mas não embaixadas. Desde 1977 têm apenas o que chamam "secções de interesses". 

Para Obama, os efeitos da abertura já estão a fazer-se sentir em Cuba. “Desde o nosso anúncio, o Governo cubano começou a discutir como reorganizar a sua economia para acolher investimento estrangeiro. Após 50 anos de uma política que não deu certo, precisávamos de tentar algo de novo.”

Quanto à União Europeia, retoma nesta quarta-feira as negociações iniciadas em 2014 para um novo acordo político e de cooperação que acabe com o veto institucional vigente desde 1996, diz o El País. Nesse ano, Bruxelas adoptou a posição comum, promovida pelo então presidente do Governo espanhol, José María Aznar, que submetia qualquer diálogo com Havana a avanços no capítulo dos direitos humanos.

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