EUA libertam ex-espião Jonathan Pollard

Pollard foi condenado a prisão perpétua por espionagem contra os Estados Unidos a favor de Israel, onde é visto como um herói.

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Vários grupos surgiram em Israel para reivindicar a libertação de Pollard Joe Klamar/AFP

O antigo analista da Marinha norte-americana Jonathan Pollard saiu em liberdade condicional esta sexta-feira depois de três décadas preso por traição. Pollard foi condenado a prisão perpétua em 1987 por transmitir informações confidenciais dos EUA aos serviços secretos de Israel.O tribunal tinha aprovado em Julho a redução da pena de Pollard para a sentença mínima a que tinha sido condenado, de 30 anos de prisão. 

Agora com 61 anos de idade, Pollard abandona o centro prisional de Butner, na Carolina do Norte, sob uma série de restrições impostas pela Comissão de Liberdade Condicional. Nos próximos cinco anos, está impedido de falar sobre os actos de espionagem ou do seu trabalho como analista, de dar entrevistas e de sair do país sem autorização oficial.

“O povo de Israel felicita a libertação de Jonathan Pollard. Como alguém que discutiu o assunto com presidentes americanos ao longo dos últimos anos, sempre sonhei com este dia”, declarou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, num comunicado oficial.

Natural do Texas, Pollard recebeu cidadania israelita durante o seu tempo na prisão. Os esforços dos seus advogados vão agora no sentido de conseguir que viaje para o Estado de Israel. 

“Pollard entende que, como condição para se mudar para Israel, tem de renunciar à cidadania americana”, declararam numa carta à procuradora-geral Loretta Lynch os membros da Câmara dos Representantes Eliot Engel e Jerry Nadler, ambos do Partido Democrata.“Apesar das consequências dessa decisão, incluindo o impedimento de regressar aos EUA, ele está disposto a tomar esta medida”.

Os apoiantes de Pollard e as autoridades israelitas sempre reivindicaram que a condenação era excessiva, já que as suas acções foram em prol da segurança de um país aliado dos EUA. Mas as várias Administrações norte-americanas sempre negaram os apelos para libertar o espião. 

Em plena Guerra Fria, Pollard foi acusado de vender aos serviços secretos israelitas milhares de documentos oficiais ao longo de mais de um ano, incluindo informação sobre embarcações soviéticas com armamento, e detalhes sobre os programas de armas químicas da Síria e do Iraque. Factos inicialmente negados por Telavive, mas que foram mais tarde admitidos pelo acusado.

Washington chegou recentemente a ponderar a libertação de Pollard como parte de um esforço para retomar o diálogo com o governo israelita sobre o conflito na Palestina, mas as conversações de paz não tiveram sucesso. 

O Presidente Obama tem poder para autorizar que Pollard se mude para Israel. “O que está em causa agora é a obrigatoriedade de Pollard permanecer no país sob a liberdade condicional”, referiu esta sexta-feira Ben Rhodes, consultor de segurança nacional da Casa Branca. 

A decisão judicial surgiu numa altura de tensão diplomática entre Israel e os EUA no que diz respeito ao acordo sobre o programa nuclear do Irão. No entanto, Rhodes disse que o Presidente não teve qualquer intervenção directa no processo, e que Obama “deixou claro que pretende que tudo ocorra dentro da lei e de forma justa, tal como em relação a qualquer outro indivíduo".

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