EUA entregam controlo total da prisão de Bagram ao Afeganistão

Militares norte-americanos mantinham ainda guarda aos prisioneiros que consideravam mais perigosos e cuja libertação temem.

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Imagem de Bagram, em 2009 Massoud Hossaini/AFP

O Exército dos Estados Unidos transferiu esta segunda-feira o controlo total da controversa prisão de Bagram, conhecida como o “Guantánamo afegão”, para as autoridades de Cabul.

Em Setembro de 2012, 3000 prisioneiros, incluindo presumíveis taliban e membros da Al-Qaeda, foram transferidos para controlo afegão. Mas as dezenas presos estrangeiros e os afegãos capturados pelas forças da coligação internacional continuavam à guarda de soldados norte-americanos.

A transferência do controlo total culmina meses de discussões tensas entre os governos dos dois países. A passagem formal de testemunho da última prisão do Afeganistão que continuava sob controlo americano ocorreu numa cerimónia realizada no estabelecimento. O general americano Joseph Dunford, comandante das forças americanas e da NATO no Afeganistão, disse que representa “uma parte importante do processo global de transição da segurança para as forças afegãs”.

Prevista para 9 de Março, a transferência total do controlo de Bagram foi adiada à última hora, após declarações do Presidente afegão, Hamid Karzaï, segundo o qual havia prisioneiros “inocentes” que seriam libertados quando a prisão estivesse sob controlo afegão. Os Estados Unidos receavam a libertação de prisioneiros que consideram perigosos. Joseph Dunford chegou a dizer que alguns seriam “ameaças reais”, se fossem libertados.

No fim-de-semana, o Pentágono informou que tinha sido alcançado um acordo. Os prisioneiros que causem maior preocupação às forças internacionais só serão libertados depois de uma análise detalhada das situações.

A prisão de Bagram funcionou numa base aérea, nos anos seguintes ao derrube do regime taliban, em 2001. Tem novas instalações desde 2010. Foi rebaptizada e chama-se agora Centro de Detenção Nacional Afegão de Parwan.

Bagram tinha-se tornado um problema nas relações entre os Estados Unidos e o Afeganistão. Em Janeiro de 2012 investigadores afegãos acusaram militares norte-americanos de tortura de prisioneiros e outros abusos, o que foi negado pelos Estados Unidos e pela NATO. No mês seguinte, soldados queimaram cópias do Corão confiscadas a prisioneiros, o que provocou protestos e mortes em todo o país.

Já antes das denúncias afegãs, a Cruz Vermelha tinha acusado os Estados Unidos de terem instalações militares secretas em Bagram.

Após 11 anos de permanência no Afeganistão, a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos tem vindo a retirar-se progressivamente e a transferir o controlo do país para forças afegãs.

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