EUA apoiam a candidatura do Japão ao Conselho de Segurança da ONU

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Condoleezza Rice à chegada ao Japão Ahn Young-joon/AP

Condoleezza Rice, secretária de Estado americana, transmitirá hoje ao primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, o apoio "sem ambiguidade" dos Estados Unidos à candidatura do Japão a membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, disse à AP uma fonte oficial americana. Rice pronunciará também um discurso sobre a política asiática dos Estados Unidos, equivalente ao que fez em Paris sobre a política europeia da Administração Bush.

Chegada ontem à noite ao Japão, após visitas à Índia, Paquistão e Afeganistão, e antes de viajar até Seul e Pequim, Rice reafirmou o papel americano de "garante da estabilidade regional" e saudou as relações com o Japão e a Coreia do Sul, "as melhores de sempre". No avião que a levava a Tóquio, falou da China: "Os Estados Unidos estão em condições de desempenhar um papel particularmente construtivo numa região que muda espectacularmente, onde uma China, cujo poderio cresce, representa simultaneamente uma oportunidade para a região mas também certos desafios." As relações privilegiadas com Tóquio e Seul devem servir para conter as ambições de Pequim. "Dado o poderio económico americano e as suas alianças na região - baseadas na segurança e nos valores democráticos - penso que temos razões para esperar fazer evoluir a China numa via positiva em vez de negativa."

Nas relações com Pequim, considerou positiva a cooperação antiterrorista e a pressão sobre a Coreia do Norte em matéria nuclear. Na coluna negativa, colocou os direitos do humanos e as ameaças a Taiwan. Apelou também à Coreia do Norte para que regresse à mesa das negociações.

Nos EUA há patentes divergências sobre Pequim. Aparentemente, Rice não partilha das teses mais alarmistas sobre a ameaça estratégica da China. Ao contrário do Pentágono e dos institutos conservadores, o Departamento de Estado tende a sublinhar a expansão do capitalismo na China como um factor positivo na globalização económica.

O tabuleiro regional está em acelerada mudança. "A China foi extraordinariamente bem sucedida na expansão da sua influência", disse ao Financial Times o analista Bares Gill, do Center for Strategic and International Studies, de Washington. "A China voltou-se para aquilo onde realmente reside a sua força, que não é o poderio militar mas a diplomacia, se quiser uma espécie de softpower (capacidade de influência)." A influência da China não se limita à Ásia.

A carne de vaca

O Japão, grande potência económica e parceiro comercial de Pequim, vê com apreensão a ascensão chinesa, dada a sua fragilidade militar, herdada da II Guerra Mundial. Leva a sério a ameaça norte-coreana. Questiona hoje o seu estatuto militar e a expressão "interesse nacional" regressou em força ao seu vocabulário diplomático.

Rice leva ainda na pasta um delicadíssimo assunto para discutir com Tóquio: a exportação de carne de vaca, vital para os criadores americanos. O Japão, que era o seu maior comprador, suspendeu a importação em Dezembro de 2003, após a descoberta de um caso de "vacas loucas" nos EUA. Esta semana admitiu rever a proibição, mas só depois de ter a certeza de que a carne é sã. E quer que os EUA também deixem de boicotar a carne japonesa, interdita em 2000, por causa da febre aftosa.

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