Estudo britânico detectou sete crianças com mais de 120 quilos

Medições feitas a crianças com menos de 12 anos duas vezes em seis anos revelaram resultados preocupantes para o serviço nacional de saúde britânico.

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30% das crianças analisadas tinham excesso de peso quando terminaram o ensino básico PÚBLICO

As últimas estatísticas sobre a obesidade entre crianças britânicas revelaram resultados preocupantes. Em medições realizadas entre 2006 e 2012 no âmbito de um programa do Serviço Nacional de Saúde britânico, foram encontradas sete crianças com menos de 12 anos com mais de 120 quilos de peso. Um dos casos mais graves de obesidade mórbida detectado foi o de uma menina, de dez anos, com mais de 150 quilos.

Os números são avançados esta segunda-feira pela imprensa britânica e referem-se ao programa nacional de medição infantil, que inclui o registo do índice de massa corporal (IMC) e altura. Segundo medições realizadas duas vezes ao longo de seis anos a crianças em idade escolar com menos de 12 anos, uma em três tinha excesso de peso e cerca de 20% era obesa.

De acordo com as estatísticas agora avançadas, sete crianças sujeitas às medições tinham mais de 120 quilos. Uma menina de dez anos, de Hounslow, arredores de Londres, ultrapassou em cerca de 30 quilos esse peso, enquanto um rapaz de 11 anos tinha 146 quilos quando subiu a balança pela última vez, no âmbito do programa de saúde do Governo britânico. A menina tinha cerca de 1,50 metros de altura, enquanto o menino tinha pouco mais de 1,30. O IMC da rapariga era de 71 e o do rapaz de 84.

As restantes crianças que revelaram um peso superior a 120 quilos foram pesadas em escolas de Lancashire, Cum­­bria e Sul de Londres. Os dados oficiais indicam que 30% das crianças analisadas tinham excesso de peso quando terminaram o ensino básico.

O IMC é um cálculo que tem em consideração o peso corporal e a altura da pessoa. O resultado ajuda a saber se a pessoa tem um peso baixo, normal ou se pelo contrário tem peso a mais. O índice é calculado dividindo o peso (em quilogramas) pela altura ao quadrado (em metros). Se o resultado for inferior a 18,5 o peso é baixo e é normal se se situar entre 18,5 e 24,9. Entre os 25 e os 29,9 a pessoa tem peso a mais e acima de 30 é considerada obesa.

Abuso infantil?
Tam Fry, porta-voz do fórum nacional de obesidade britânico, uma organização que se dedica a alertar para os perigos do excesso de peso, disse ao Sunday Times que os dados agora revelados tornam-se ainda mais preocupantes quando se fala de crianças. “Acabámos por aceitar que 26% dos adultos no Reino Unido são obesos mas devíamos sentir-nos chocados quando 20% das crianças também o são”.

Para Fry, permitir que uma criança se torne “super, super obesa é em si um abuso infantil”, numa referência à falta de actuação dos pais quando têm filhos com excesso de peso.

A posição do porta-voz do fórum nacional de obesidade britânico surge numa altura em que as direcções das escolas foram aconselhadas pelo Serviço Nacional de Saúde britânico a não utilizarem um tom que seja considerado ofensivo quando alertam os pais por carta sobre o resultado das medições dos filhos. Até aqui, e segundo o The Mirror, quando era verificado que a criança tinha excesso de peso, os pais recebiam a seguinte mensagem: “Os resultados do seu filho ultrapassam em muito a escala de sobrepeso. Os médicos chamam a isso obesidade”.

Ao Sunday Times, Mitch Blair, do Royal College of Paediatrics and Child Health (o equivalente britânico a uma Ordem dos pediatras e da saúde infantil), alertou, por sua vez, que além do bem-estar físico da criança, o seu estado mental deve ser também acompanhado. “Ser obeso numa idade tão jovem tem claras implicações na saúde mental, além de incluir um maior risco de diabetes, problemas cardíacos e de articulações. Além disso, podem ocorrer sérias repercussões psicológicas. Os anos de adolescência são já duros o suficiente sem o fardo extra de ser obeso”, diz o professor.

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