Estou com o Chico

Em caso de dúvida alinho pelo que pensa e faz Chico Buarque. Até agora fartou-se de arriscar a consciência e nunca se enganou.

Com mais esforço do mínimo exigido pela minha preguiça lá vou seguindo as eleições americanas.

O que não consigo perceber é a política brasileira. Acho que nem o informadíssimo Perry Anderson que escreveu "Crisis in Brazil" (pior título de sempre?) para o London Review of Books datado de 21 de Abril (grátis online) sabe como funciona.

Está sempre a comparar o Brasil com a Itália (um país cuja política conhece bem) com o desespero absurdo de quem procura usar o que já percebe da Itália para adiantar caminho na compreensão de outro país "latino" como o Brasil.

Diz que o Brasil é diferente dos outros países da América do Sul. Mesmo num esquerdista tão distinto e sábio como Perry Anderson é, por vezes deliciosas, difícil distinguir a vontade eu-sei-tudo que ele tem da velha fadiga imperialista que se tornou na falsa omnisciência pós-colonial.

Em caso de dúvida alinho pelo que pensa e faz Chico Buarque. Até agora fartou-se de arriscar a consciência e nunca se enganou.

O Brasil é uma maravilha porque os brasileiros são maravilhosos. Aprende-se com eles a alegria e a arte de viver a vida com tudo o que a vida - do quase tudo mau até ao raramente bom - tem para oferecer.

Fica mal aos não-brasileiros tomarem partido. Nós os não-brasileiros devemos tantas emoções, felicidades e consolações artísticas ao Brasil que o melhor que podemos fazer é calarmo-nos.

A única pergunta inteligente é: que aprenderemos com os brasileiros, desta vez?

Muitíssimo.

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