Estados Unidos cancelam exercícios militares conjuntos com o Egipto

Presidente Barack Obama anunciou revisão da cooperação militar com o Egipto, no valor de 1,3 mil milhões de dólares anuais

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Acampamento de apoiantes da Irmandade Muçulmana destruído com bulldozers Mohamed Abd El Ghany/AFP

Os Estados Unidos responderam à escalada da violência no Egipto com a revisão da sua cooperação militar com o país, que contempla a distribuição anual de cerca de 1,3 mil milhões de dólares em apoio ao Exército nacional.

“A nossa cooperação não pode continuar como o costume quando civis estão a ser atacados”, explicou o Presidente Barack Obama, que anunciou o cancelamento imediato da operação Bright Star, uma série de exercícios militares conjunto, iniciados em 1981 no âmbito dos Acordos de Camp David, e que estavam marcados para meados de Setembro na região do Sinai.

Obama indicou ainda que a sua Administração, severamente criticada pela resposta ambígua aos acontecimentos recentes no Egipto, não hesitaria em tomar “medidas futuras” em função da sua avaliação dos desenvolvimentos no país.

Em reacção à violência de quarta-feira contra os apoiantes de Mohamed Morsi, acampados há seis semanas em protesto contra a deposição do Presidente islamista pelos militares – e que provocou pelo menos 525 mortes – , Obama pronunciou as palavras mais duras até agora contra o Governo do Cairo. 

“Os Estados Unidos condenam veementemente as medidas adoptadas pelas forças de segurança e o Governo interino do Egipto. Deploramos a violência contra civis, opômo-nos à lei marcial e rejeitamos o princípio de que a segurança é superior à liberdade individual”, declarou.

Obama sublinhou que o seu país “não pode determinar o futuro do Egipto” nem pretende “assumir o lado de um determinado partido ou figura política”. “Reconhecemos a complexidade da situação”, observou, lembrando que “embora Morsi tenha sido democraticamente eleito, o seu Governo não integrava e nem respeitava a opinião da maioria dos egípcios”.

Sem nunca classificar a tomada do poder pelos militares como ilegítima, Obama não deixou de criticar o rumo seguido pelos chefes militares e o Governo interino por eles nomeado. “Depois da sua intervenção, ainda havia uma porta aberta para a reconciliação nacional”, notou, lamentando que esse não tenha sido o caminho escolhido. “E agora tragicamente a violência reclamou a vida de milhares de pessoas”, notou.

“O povo egípcio merece mais do que o que temos visto. O ciclo de violência e escalada tem de parar e os direitos universais têm de ser respeitados”, disse Barack Obama. O Presidente dos EUA apelou ainda “àqueles que protestam que o façam de forma pacífica”. 

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