Espanhóis escolhem novo Governo cinco dias antes do Natal

A decisão dividiu o próprio Partido Popular, uma vez que nessa data muitos espanhóis estão em férias, longe dos seus locais de voto.

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Mariano Rajoy diz que o PSOE é o grande adversário do seu Partido Popular PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou que as legislativas se realizam no dia 20 de Dezembro, cinco dias antes do Natal. "Se fosse a 13 teríamos que formar o Parlamento praticamente em cima das festas. Assim, há um pouco mais de margem, explicou. Dentro do seu próprio Partido Popular a decisão gerou polémica uma vez que, na data escolhida, muitos espanhóis se deslocam para fora dos locais onde votam, para visitarem familiares ou fazerem férias.

A 20, disse quinta-feira Rajoy numa entrevista à Antena 3, "há um pouco mais de margem, até 14 de Janeiro". "Podemos portanto, aprovar orçamentos e realizar as eleições, tendo depois uma margem para, após as festas, se constituir o Parlamento".

Segundo o jornal espanhol El País, o Governo planeava aprovar o Orçamento para 2016 a 19 de Outubro e realizar as legislativas a 13 de Dezembro, estando a nova legislatura a funcionar a 7 de Janeiro. Porém, o executivo  considerou haver inconvenientes: para participar numa cimeira europeia, Rajoy teria que se ausentar da campanha nos seus últimos dias; a convocatória das eleições teria que ser feita logo a seguir à aprovação do Orçamento; a constituição do Parlamento e a eleição dos presidentes do Congresso e Senado coincidiria com as festas de Natal, Ano Novo e Reis (6 de Janeiro, a data em que em Espanha se trocam os presentes).

Mariano Rajoy disse na entrevista que acredita que vai vencer, pois está confiante no trabalho da sua equipa para a recuperação económica de Espanha e na criação de emprego - disse que espera criar um milhão de postos de trabalho, à velocidade de 500 mil por ano.

Já esta sexta-feira, o Ministério do Emprego e da Segurança Social divulgou os números do desemprego, que subiu em Setembro. Nesse mês perderam o trabalho 26.087 pessoas, um aumento em relação ao ano passado, quando foram 19.700 pesosas.

Nos actos eleitorais recentes - municipais e regionais, as últimas na Catalunha - o Partido Popular tem vindo a perder considerável terreno, sobretudo a favor do Ciudadanos de Albert Rivera, o que tem sido demonstrado também nas últimas sondagens. Fontes do partido disseram ao El País que Rajoy está consciente do fenómeno Cidadanos (um partido que nasceu na Catalunha), mas que considera o voto nesta formação "volátil" e que disse à cúpula do partido: "Não se enganem, o nosso rival continua a ser o PSOE [socialistas]".

Já Rivera descartou formar uma coligação com o PP, embora não fazer acordos pontuais, se Rajoy, apesar de tudo, ficar em primeiro lugar nas eleições.

O PSOE já reagiu, e negativamente, à data anunciada por Rajoy.  Os socialistas, através do seu porta-voz parlamentar, Antonio Hernando, consideram que as legislativas em Espanha deveriam ter-se realizado “há algum tempo”, de forma a que estas eleições não acrescessem “complexidade” ao processo, em curso, de formação de um governo na Catalunha.

Terá de haver governo regional em Barcelona até 26 de Outubro e, dez dias depois, o parlamento regional reúne-se para a investidura do presidente. Mas deve ser eleito com maioria absoluta então, e Artur Mas não está a conseguir ter esse apoio entre os partidos independentistas.

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