Espanha repatria mais um religioso infectado com o ébola

Manuel Garcia Viejo já partiu de Serra Leoa, onde autoridades admitem alargar o recolher obrigatório de três dias, depois de terem sido recuperados 92 corpos de pessoas infectadas

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Manuel Garcia Viejo com um paciente na Serra Leoa AFP PHOTO/ HO/ JUAN CIUDAD ONGD

As autoridades espanholas decidiram repatriar um religioso, Manuel Garcia Viejo, que foi infectado com o ébola, na Serra Leoa, onde trabalhava como director do Hospital San Juan de Dios, na cidade de Lunsar. É o mesmo hospital em que trabalhava o sacerdote Miguel Pajares, que morreu em Agosto, dias depois de ter sido repatriado desde a Libéria.

A chegada do avião das Forças Armadas espanholas que transporta o missionário está prevista para a madrugada desta segunda-feira no Hospital Carlos III, em Madrid, onde a decisão de não retirar os doentes – ao contrário do que sucedeu com o sacerdote espanhol Miguel - está a causar alguma preocupação, segundo o diário espanhol El Pais.

Garcia Viejo, de 69 anos, foi um dos primeiros doentes a ingressar na unidade que uma ONG italiana abriu na cidade de Lakka, nos arredores da capital, para atender exclusivamente casos de ébola.

A decisão de o expatriar foi tomada numa altura em que foi vigora ainda o recolher obrigatório por três dias na Serra Leoa, decretado na sexta-feira, numa tentativa de travar a epidemia. O pior surto de sempre desta febre hemorrágica iniciou-se no Sul da Guiné-Conacri, em Dezembro de 2013. Desde então, o vírus já se alastrou para a Libéria, Nigéria, Senegal e Serra Leoa.

O recolher obrigatório visa travar a disseminação de epidemia, numa altura em que se registam dezenas de novas infecções. Há, apesar de tudo, zonas onde o vírus ainda não chegou. E por isso é que, adoptando uma estratégia extrema, o Governo ordenou que os 6 milhões de habitantes no país permanecem em casa, enquanto equipas compostas por cerca de 30 mil voluntários andarão a explicar de que modo as pessoas poderão isolar os doentes e remover os mortos.

A medida foi criticada por algumas organizações no terreno, que disseram recear que o recolher obrigatório provocasse uma corrida à compra de mantimentos e ao consequente aumento dos preços, o que deixaria a população mais pobre sem poder aceder aos alimentos.

Segundo a Reuters, porém, é possível que o recolher obrigatório seja prolongado por vários dias.

Até ao final do dia de sábado, segundo dia do recolher obrigatório, 92 corpos foram recolhidos em todo o país. Cerca de 123 pessoas contactaram as autoridades por suspeitas de contágio e, daquelas, 56 viram o respectivo teste dar positivo, sendo que haveria ainda 36 pessoas a aguardar o resultado.

O ébola já matou 2630 pessoas e há mais 5357 infectadas pelo vírus, segundo os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde.  Pelo menos 562 dos infectados viviam na Serra Leoa.

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