Debandada de milhões de peregrinos em Meca faz mais de 700 mortos

Acidente acontece nas útlimas celebrações do hajj, a peregrinação a Meca. Há mais de 800 feridos.

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O acidente acontece durante a celebração do haji MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP
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O acidente acontece durante a celebração do haji MOHAMMED AL-SHAIKH/AFP

Uma debandada de peregrinos nos arredores de Meca matou pelo menos 717 pessoas e fez mais 805 feridos na manhã desta quinta-feira, segundo os últimos dados dos responsáveis da segurança civil saudita. O balanço é provisório e as operações de resgate ainda prosseguem em Mina, a pouco mais de cinco quilómetros da Grande Mesquita, onde estavam reunidos na altura da tragédia cerca de dois milhões de peregrinos numa gigantesca "cidade" com 160 mil tendas.

O acidente acontece durante a celebração do hajj, a peregrinação à cidade santa do Islão que todo o muçulmano deve fazer uma vez na vida. Há centenas de milhares, por vezes milhões de pessoas, a fazê-la todos os anos e são comuns acidentes como esmagamentos colectivos.

Em 2006, morreram mais de 350 pessoas desta maneira. O espezinhamento mais grave de que há memória aconteceu em 1990, ano em que mais de 1400 pessoas morreram à saída de um túnel no coração da cidade. Nas preparações para o haji deste ano, a queda de uma das gruas que participavam nas obras de ampliação da Grande Mesquita matou perto de 100 pessoas. 

Nesta quinta-feira começa a celebrar-se o Aïd al-Adha (ou Eid al-Adha), a cerimónia de encerramento do haji. Ao longo de três dias, os muçulmanos deslocam-se a Jamarat, perto de Mina, para atirarem pedras a um pilar que simboliza Satanás. De acordo com a televisão estatal saudita, este ano houve mais de dois milhões de peregrinos a fazerem a viagem até Meca. 

Segundo um responsável do Ministério da Saúde, a tragédia aconteceu quando uma maré humana que deixava uma das enormes rampas onde é feito o apedrejamento de Satanás se cruzou com uma segunda maré humana que circulava no sentido inverso. Com o pânico instalado e as tentativas de fuga da multidão, centenas de peregrinos acabaram por morrer espezinhados, sufocados e vítimas de quedas. Entre os mortos, contam-se 90 iranianos o que levou o governo de Teerão a criticar fortemente as autoridades sauditas pela falta de condições de segurança em Meca.

A defesa civil enviou para o local cerca de quatro mil efectivos para ajudar os milhares de pessoas que estão a tentar sair da zona, “tendo começado a dispersar a aglomeração humana, estabelecendo pontes de reunião e saídas alternativas”, informou este organismo na sua conta de Twitter.

Todos os anos, o grande objectivos dos agentes de segurança e da protecção civil é o de gerir a gigantesca maré humana que durante três dias tem que fazer um percurso de várias dezenas de quilómetros para visitar uma série de lugares pré-estabelecidos desde da Kaaba, no centro da Grande Mesquita Al-Haram, até  Mina e seguindo até ao monte Araft, passando no regresso pelo local de oração em Muzdalifah  antes de chegar a Jamarat, para acabar apedrejando simbolicamente o diabo.

Este novo acidente aconteceu apesar de terem sido realizados importantes trabalhos de reforço das infra-estruturas em Meca ao longo dos últimos anos pelas autoridades sauditas para facilitar o movimento dos peregrinos.

Entre os esforços feitos para melhorar a segurança em Mina, foram multiplicados os pontos de entrada e saída em Jamarat, o local onde se realiza a cerimónia do apedrejamento de Satanás, para tornar mais fluída a circulação dos milhares de fiéis.

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