Esfaqueamentos agravam escalada de tensão em Israel

Dois israelitas morreram e doisficaram feridos em ataques perpetrados por palestinianos. Governo israelita acusa Autoridade Palestiniana de incitamento à violência.

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Polícia e militares cercam o local do segundo ataque, junto a um colonato da Cisjordânia Ahmad Gharabli/AFP

Depois dos atropelamentos, os esfaqueamentos. Separados por poucas horas, palestinianos armados com facas lançaram dois ataques, em Telavive e na Cisjordânia, que fizeram um morto e três feridos. Estes atentados mostram que a violência que há meses incendeia Jerusalém está a expandir-se, num contexto que faz temer o início de uma nova guerra aberta entre israelitas e palestinianos.

Não é fácil encadear a teia de acontecimentos da actual escalada, que começou no Verão com o sequestro e assassínio de três adolescentes israelitas na Cisjordânia, passou por uma violenta ofensiva militar israelita em Gaza e desagua agora no regresso do terror às ruas de Israel. Menos complicado é perceber que a violência é potenciada pela ausência de qualquer tentativa para ressuscitar as negociações de paz, interrompidas em Abril, o que deixa caminho livre aos radicais e às provocações, como a campanha da direita israelita pelo direito dos judeus a rezar no Pário das Mesquitas (Monte do Templo para os judeus, Nobre Santuário para os muçulmanos).

O primeiro ataque aconteceu perto do meio-dia. Um soldado que passava junto a uma estação de comboios no centro de Telavive foi esfaqueado várias vezes e hospitalizado em estado crítico. Acabou por morrer já de noite. O atacante, um palestiniano de Nablus (Cisjordânia), foi detido num edifício próximo. Ao final da tarde, duas mulheres e um homem que esperavam por boleia junto a um colonato da Cisjordânia foram esfaqueados por um palestiniano que saiu a correr de um carro. Uma mulher de 25 anos teve morte imediata e a outra mulher sofreu ferimentos graves. O atacante, que a imprensa diz ser um militante da Jihad Islâmica residente na vizinha cidade de Hebron, só parou depois de ser baleado por um guarda do colonato vizinho.

Estes ataques mostram o fracasso da política dos “blocos de cimento”, disse Naftali Bennet, ministro da Economia, referindo-se às barreiras montadas nos acessos às paragens do metropolitano de superfície de Jerusalém, depois de nas últimas duas semanas e meia dois carros conduzidos por palestinianos terem galgado os separadores, matando quatro pessoas. “É impossível proteger as pessoas na rua, em vez disso temos de atacar quem incita a violência”, afirmou Bennet, a voz mais radical da coligação liderada por Benjamin Netanyahu, não escondendo a quem se referia: Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestiniana, “tornou-se um sucessor de Arafat”, “um terrorista de fato, que deve ser tratado em concordância”.

O primeiro-ministro seguiu pelo mesmo diapasão. “Os terroristas e os que os incitam querem ver-se livres de nós, seja em Telavive ou Jerusalém”, disse Benjamin Netanyahu, prometendo agir “contra quem apela à destruição de Israel”.

Os ataques aconteceram depois de mais um fim-de-semana de violentos protestos em Jerusalém Leste e na Galileia (Norte), onde no sábado um árabe israelita foi morto a tiro pela polícia. Adoptando o tom duro que agrada à ala mais à direita da coligação, Netanyahu convidou “todos os que se manifestam contra Israel e a favor de um Estado palestiniano a irem viver para lá”. “O Estado de Israel não vos impedirá, mas quem ficar cá, terá a vida mais difícil se participar em motins ou for terrorista”.

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