Escritor jordano assassinado à porta do tribunal por partilhar caricatura ‘blasfema’

Cristão, activista anti-islamista e apoiante declarado do Presidente sírio Bashar al-Assad, Nahid Hattar tinha partilhado no Facebook uma caricatura considerada ofensiva para os muçulmanos.

Foto
O caso acontece na mesma semana em que a Irmandade Muçulmana voltou a ter representantes no Parlamento jordano. Na imagem, cartazes de campanha em Madaba, perto de Amã. Muhammad Hamed/Reuters

Nahid Hattar, um controverso escritor jordano que iria neste domingo começar a ser julgado por blasfémia, foi morto a tiro à porta de um tribunal em Amã. O autor dos disparos foi detido de imediato no local.

Hattar, cristão, activista anti-islamista e apoiante declarado do Presidente sírio Bashar al-Assad, tinha sido detido em Agosto depois de partilhar no Facebook uma caricatura entendida pelas autoridades jordanas como uma ofensa aos muçulmanos. No desenho, de autoria desconhecida, um homem de barba e turbante fuma na cama acompanhado por duas mulheres e pede a Deus que lhe traga vinho e frutos secos.

Na altura, e perante uma onda de revolta nas redes sociais, o escritor argumentou que não visava ofender o islão e que via na caricatura uma crítica à forma como os extremistas islâmicos olham Deus. Ao explicar este ponto de vista, Hattar acabaria por se envolver num conflito com a Irmandade Muçulmana, ao dizer que esta apoiava o autoproclamado Estado Islâmico. O movimento ameaçaria o activista com um processo por difamação.

O caso acontece na mesma semana em que a Coligação Nacional para a Reforma, uma plataforma partidária liderada pelo braço político da Irmandade Muçulmana (a Frente de Acção Islâmica, FAI), conquistou 16 dos 130 lugares do Parlamento jordano, marcando o regresso do movimento à assembleia legislativa depois de vários anos de boicote eleitoral.

A Jordânia, liderada pelo rei Abdullah II, que continua a contar com um forte apoio das tribos e das elites políticas e empresariais do país, tem escapado à instabilidade que varre o Médio Oriente, tendo adoptado algumas reformas perante as revoltas da Primavera Árabe.

Sugerir correcção
Ler 13 comentários