Em contra-ataque, Erdogan remodela metade do Governo

Primeiro-ministro turco reage à demissão de três ministros associados a um escândalo de corrupção.

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Erdogan diz estar a ser alvo de uma conspiração para desestabilizar a Turquia REUTERS / Umit Bektas

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, a braços com um escândalo de corrupção que levou à demissão de três ministros, anunciou quarta-feira à noite a remodelação de quase metade do seu Governo.

Erdogan não se limitou a substituir os ministros da Economia, Zafer Caglayan, do Interior, Muammer Guler, e do Ambiente, Erdogan Bayraktar, cujos filhos foram detidos na semana passada, numa ampla operação policial relacionada com duas investigações a casos de corrupção e que envolve várias figuras ligadas ao Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP). Perto da meia-noite, e após mais de uma hora de reunião com o Presidente, Abdullah Gul, o primeiro-ministro anunciou novos titulares para dez das 25 pastas que compõem o actual executivo.

O escândalo, que não pára de aumentar desde a semana passada, ganhou quarta-feira uma nova dimensão quando, ao anunciar a sua demissão, Bayraktar se afastou da linha oficial e sugeriu a demissão de Erdogan, dando a entender que ele o pressionara para sair do Governo. “De facto, creio que o primeiro-ministro se deveria demitir também”, afirmou.

Com a remodelação, o primeiro-ministro mostra que não pretende recuar uma linha na estratégia de atribuir todo este caso a uma “conspiração em grande escala” para desestabilizar a Turquia.

Sem nomear o alvo das suas críticas, Erdogan está permanentemente a referir-se a Fethullah Gülen, o imã que lidera uma rede global de escolas e instituições de caridade com milhões de seguidores e que já foi um dos seus principais aliados. Gülen entrou em ruptura com o AKP quando o Governo decidiu encerrar as escolas privadas de preparação para os exames de aceso à universidade que eram uma das principais fontes de financiamento do seu movimento.

Vários oficiais da polícia e tidos como próximos de Gülen foram já afastados e o AKP assegura que os responsáveis do Ministério Público que lideram as investigações estão também eles a mando de Gülen.
 
 
 
 

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